O príncipe William tem nas suas mãos o futuro da monarquia britânica

Em tempo de festa do Jubileu de Platina, os biógrafos reais fazem um balanço sobre o futuro da monarquia, que acreditam estar sobre os ombros do duque de Cambridge.

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William celebra 40 anos a 21 de Junho Reuters/POOL
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Isabel II comemora o Jubileu de Platina, 70 anos de reinado Reuters/POOL
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William e Kate casaram em 2011 Reuters/POOL
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O casamento dos duques de Cambridge, a 29 de Abril de 2011 Reuters/DYLAN MARTINEZ

É natural que agora toda a atenção esteja virada para a rainha Isabel II, já que, por estes dias, a monarca britânica celebra os 70 anos no trono. No entanto, para aqueles que se preocupam com o futuro da instituição, todos os olhos se voltam para o neto, o príncipe William — o segundo na linha de sucessão ao trono.

Não têm sido anos fáceis para a família real britânica, com o escândalo de abusos sexuais do príncipe André nos Estados Unidos e a investigação sobre a Fundação do Príncipe Carlos, o herdeiro do trono. É impossível esquecer, claro, a mudança do príncipe Harry para os Estados Unidos, em 2020, e o abandono dos deveres reais dos duques de Sussex.

Também a saúde da popular monarca, de 96 anos, tem inspirado cuidados. E Isabel II viu-se mesmo forçada a diminuir a quantidade de aparições públicas, na sequência de alguns problemas ligados à mobilidade. Contudo, a celebração do Jubileu de Platina não é apenas ocasião para reflectir sobre o passado e recordar marcos do reinado mais longo da história, mas, sim, olhar para o futuro.

Apesar das controvérsias, a maioria das sondagens continua a mostrar que a maioria dos britânicos apoia a monarquia, apesar de não mostrarem grande simpatia pelo príncipe de Gales. Bem mais populares são os duques de Cambridge, William e Kate, que são os membros da família real que reúnem maior consenso a seguir a Isabel II.

Mas as mesmas sondagens sugerem que os britânicos com menos de 50 anos têm algumas ambivalências relativamente ao regime. “O futuro está nas mãos do príncipe William”, acredita o biógrafo da rainha, Matthew Dennison. “E todos sabemos como a opinião pública pode ser ingrata”, lembra.

Há uma década, por ocasião das celebrações do então Jubileu de Diamante de Isabel II, há um momento em que ficou clara a visão de Carlos para a monarquia, o que não terá agradado a muitos. A rainha cumprimentou a multidão da varanda do Palácio de Buckingham acompanhada do filho, da nora Camila, de William, Kate e Harry. A imagem é o reflexo da crença do príncipe herdeiro: a partir do momento em que se tornar rei, a monarquia terá uma versão mais encolhida, reduzida à sua família directa. A repentina saída de Harry e Meghan ainda deixou o clã mais reduzido, colocando pressão adicional sobre William, de 39 anos, e sobre a sua jovem família para manter a instituição viável a longo prazo e a popularidade estável numa sociedade em acelerada mudança.

O último dos moicanos

“O William é a pessoa chave porque será rei um dia”, observa o antigo correspondente real do tablóide The Sun Charles Rae. “Basicamente, ele é o último dos moicanos. Acho que há muita coisa sobre os ombros de William para o futuro da monarquia”, sublinha.

A verdade é que, nos últimos cinco anos, os duques de Cambridge têm granjeado uma cobertura muito positiva por parte da imprensa e são vistos como um dos casais com mais glamour, ao nível das estrelas de Hollywood. Conseguiram afastar a alcunha de “work-shy Wills” atribuída pelos tablóides, que dava a entender que o príncipe gostava pouco de trabalhar e seria preguiçoso. “Para ser honesto, vou ser alvo de muitas críticas ao longo da minha vida e é algo que não ignoro por completo, mas também é algo que não levo a peito”, confessou William, em 2016, numa entrevista por ocasião do 90.º aniversário da avó.

Recentemente, tem sido elogiado pelo trabalho feito em prol da saúde mental, dos sem-abrigo e da emergência climática. Todavia, a recente digressão dos duques de Cambridge pelas Caraíbas foi uma chamada de atenção depois de terem enfrentado alguns protestos sobre o passado imperial do Reino Unido, com muitos a considerarem que a viagem fazia lembrar a época colonial. “Sei que esta digressão levantou algumas questões fulcrais sobre o passado e o futuro”, reconheceu no final da visita, em declarações pouco habituais.

De acordo com o Sunday Mirror, a viagem terá feito mesmo o casal repensar como deve ser a monarquia hoje, com William e Kate a pedirem para ser conhecidos pelos seus nomes e não pelo título real — duque e duquesa de Cambridge. “Querem tentar evitar as vénias em público, ser mais acessíveis, menos formais, menos enfadonhos e quebrar com muitas das tradições, focando-se numa monarquia moderna”, disse, ao tablóide, uma fonte não identificada.

O assistente do príncipe durante uma década, até 2018, Miguel Head, lembra, contudo, que, apesar de William não gostar do protocolo, percebe a sua importância: “Quando conseguir o cargo máximo, não vai acabar com tudo. Ele tem a consciência de que a monarquia representa algo intemporal, e acredita que muita gente gosta da magia e do teatro que a rodeia”.

William aceita que a monarquia precisa de evoluir com os tempos para permanecer relevante, algo que a própria rainha nem sempre reconheceu. Em 2016, o príncipe disse que a sua avó é o modelo seguir para o cargo. “Esse é o desafio para mim: como tornar a família real relevante nos próximos 20 anos, nos próximos 40, ou até os próximos 60… Espero que isso seja algo que consiga fazer”, planeou.

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