Em Casa Arrumada, os moradores de um bairro na Maia ensinam-nos a cuidar da casa

O novo filme de Mariana Bártolo é exibido a 28 de maio, no Bairro da Bajouca, na Maia. A actividade foi dinamizada pela Associação Pró-Arquitectura João Álvaro Rocha e visa educar a comunidade para a importância de conservar a habitação.

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"Casa Arrumada", de Mariana Bártolo DR

“A saúde começa em casa”: é este o mote por detrás da exibição do filme Casa Arrumada, de Mariana Bártolo, no campo de jogos do Bairro da Bajouca, na Maia, este sábado, 28 de Maio. No filme, os protagonistas são os moradores do bairro e os cenários o interior das suas casas. A actividade é dinamizada pela Associação Pró-Arquitectura João Álvaro Rocha (APJAR), no âmbito do projecto Bairros Saudáveis.

Casa Arrumada foi desenvolvido com o propósito de educar para “a importância de cuidar da habitação, de modo a que esta tenha um ambiente saudável”, conta Conceição Melo, presidente da APJAR. “São filmes feitos com as pessoas, dentro das suas casas. Para explicar o que um utilizador da casa deve fazer para cuidar da mesma. A conservação é muito importante”, afirma.

Para Conceição Melo, a exibição do filme junto da comunidade é importante por duas razões. Por um lado, para valorizar e divulgar a obra do arquitecto [João Álvaro Rocha, autor do projecto do bairro]. Por outro, para que “quem vive nestas obras ganhe mais gosto por viver lá”. Actualmente há a intenção de passar o filme noutros bairros de forma a reforçar a auto-estima dos residentes e diminuir o estigma associado a bairros do género.

Ao longo da realização do filme, Mariana Bártolo conta ter tido liberdade artística para articular a forma de passar a mensagem. A realizadora revela que desta liberdade nasceu uma obra não só sobre a importância de cuidar da casa, mas também sobre a relação dos moradores com o lar: “Decidi fazer uma abordagem sobre a ideia de casa, sobre o que significa para essas pessoas”. “Os apartamentos, fundamentalmente, são todos iguais. Mas são completamente diferentes por causa da decoração e das pessoas que os ocupam”, acrescenta.

"Casa Arrumada", de Mariana Bártolo
"Casa Arrumada", de Mariana Bártolo
"Casa Arrumada", de Mariana Bártolo
"Casa Arrumada", de Mariana Bártolo
Fotogaleria
"Casa Arrumada", de Mariana Bártolo

Além das filmagens, Mariana conduziu entrevistas com os moradores do bairro, para os conhecer. Perguntou a todos onde estaria “o coração da casa”. Houve respostas concretas, como “o quarto” ou “a cozinha, porque o que é uma casa sem uma cozinha”, mas também quem respondesse: “O coração da casa é a minha neta”.

A entidade dinamizadora do evento, a APJAR, “foi criada com o objectivo de preservar, disponibilizar e divulgar o espólio do arquitecto João Álvaro Rocha”, pode ler-se no site. A associação foi a responsável pela candidatura do Bairro da Bajouca ao programa Bairros Saudáveis. Além da exibição do filme, vão ser postas em prática outras actividades destinadas à promoção de melhores hábitos de alimentação e de actividade física, de literacia informática em idosos, entre outras.

O programa público Bairros Saudáveis foi criado a 1 de Julho de 2020 e dura até 31 de Dezembro de 2022. Visa melhorar a qualidade de vida de populações em territórios vulneráveis e financiar, até um montante máximo de 50 mil euros, “projectos apresentados por associações, colectividades, organizações não-governamentais, movimentos cívicos e organizações de moradores, em articulação com autarquias ou demais entidades públicas”. Os objectivos do programa passam por promover o desenvolvimento local, eliminar factores de discriminação, capacitar comunidades locais, entre outros.

Em Setembro, está prevista a realização de uma exposição sobre o contributo do programa Bairros Saudáveis no Bairro da Bajouca. A exposição é da autoria de uma estudante de arquitectura da Universidade Politécnica de Valência que está a fazer uma tese de doutoramento sobre o trabalho de João Álvaro Rocha.

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Cartaz da atividade "A Saúde começa em casa"

A exibição do filme está marcada para este sábado, no campo de jogos do bairro, às 21h30, e é seguida de uma conversa sobre o mesmo com a realizadora. A entrada é livre e há pipocas de oferta.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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