Há dois anos estávamos afogados em todo o tipo de profecias sobre a purificação da espécie. A pandemia era terrível, claro, mas vinha com a missão de salvar a Humanidade de si própria, dando-lhe uma derradeira oportunidade de se redimir. A doença anunciava o fim do capitalismo e da globalização, o regresso das fronteiras e da protecção consoladora do Estado. A autoridade derrotaria as liberdades, a espiritualidade vingar-se-ia do hedonismo, a Natureza desforrar-se-ia do usurpador humano. Sim, tínhamos ido longe de mais, fascinados com a ilusão do progresso eterno, e agora enfrentávamos a reacção violenta do planeta, que revelava a nossa fragilidade e insignificância.
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