Para sempre minha mãe

O luto é uma experiência emocional intensa que, com exceção de situações graves que impedem que a pessoa enlutada prossiga a sua vida, não tem uma forma certa ou errada de ser vivida.

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Ter mãe é ter sorte. Cada dia tenho mais saudades da minha, da pessoa que ela era e que eu admirava e ainda admiro tanto @PETERCALHEIROS

Outro dia li, numa daquelas publicações que nos aparecem nas redes sociais, que “as mães nunca morrem, elas entardecem, tingem de nuvens os cabelos e viram pôr do sol”. Não sei de quem é esta frase, mas tocou-me particularmente porque este mês fazem sete anos que perdi a minha mãe e às vezes parece que foi ontem. Ter mãe é ter sorte. Cada dia tenho mais saudades da minha, da pessoa que ela era e que eu admirava e ainda admiro tanto. Muito lutou para ser quem foi, e conseguiu. Deixou um enorme exemplo aos seus filhos e netos e grande motivo de orgulho. Continuo a sentir muito amor e admiração por tudo o que a minha mãe fez e vai ser assim para toda a vida.

O luto é uma experiência emocional intensa que, com exceção de situações graves que impedem que a pessoa enlutada prossiga a sua vida, não tem uma forma certa ou errada de ser vivida, apenas a de cada um. Podemos sentir confusão, raiva, alívio ou culpa — e, às vezes, tudo ao mesmo tempo. Uma música, um cheiro ou uma imagem podem acender as memórias daquela pessoa e deixar-nos momentaneamente tristes ou, pelo contrário, contentes ao relembrar os bons momentos que tivemos.

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@PETERCALHEIROS

É esperado que, com o passar do tempo, as emoções acalmem e deem lugar a aprendizagem de como viver com a perda e aceitar que isto aconteceu. Mas aprender a viver com a dor de uma perda não é o mesmo que esquecer, e isso é bom que todas as pessoas que perderam alguém tenham bem presente. À medida que nos movemos na vida, as memórias e o legado que os nossos entes queridos nos deixaram tornam-se parte de nós. E é assim que deve ser: continuar a nossa vida e manter as memórias daquela pessoa como parte daquilo que somos e fazemos. Às vezes falo com ela e outras vezes sinto a sua presença em mim — isto ajuda-me e faz com que eu encontre sentido.

Acredito mesmo que a minha mãe desejava que eu continuasse e honrasse a sua vida através da minha, e é o que tenho tentado fazer.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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