Para sempre minha mãe
O luto é uma experiência emocional intensa que, com exceção de situações graves que impedem que a pessoa enlutada prossiga a sua vida, não tem uma forma certa ou errada de ser vivida.
Outro dia li, numa daquelas publicações que nos aparecem nas redes sociais, que “as mães nunca morrem, elas entardecem, tingem de nuvens os cabelos e viram pôr do sol”. Não sei de quem é esta frase, mas tocou-me particularmente porque este mês fazem sete anos que perdi a minha mãe e às vezes parece que foi ontem. Ter mãe é ter sorte. Cada dia tenho mais saudades da minha, da pessoa que ela era e que eu admirava e ainda admiro tanto. Muito lutou para ser quem foi, e conseguiu. Deixou um enorme exemplo aos seus filhos e netos e grande motivo de orgulho. Continuo a sentir muito amor e admiração por tudo o que a minha mãe fez e vai ser assim para toda a vida.
O luto é uma experiência emocional intensa que, com exceção de situações graves que impedem que a pessoa enlutada prossiga a sua vida, não tem uma forma certa ou errada de ser vivida, apenas a de cada um. Podemos sentir confusão, raiva, alívio ou culpa — e, às vezes, tudo ao mesmo tempo. Uma música, um cheiro ou uma imagem podem acender as memórias daquela pessoa e deixar-nos momentaneamente tristes ou, pelo contrário, contentes ao relembrar os bons momentos que tivemos.
É esperado que, com o passar do tempo, as emoções acalmem e deem lugar a aprendizagem de como viver com a perda e aceitar que isto aconteceu. Mas aprender a viver com a dor de uma perda não é o mesmo que esquecer, e isso é bom que todas as pessoas que perderam alguém tenham bem presente. À medida que nos movemos na vida, as memórias e o legado que os nossos entes queridos nos deixaram tornam-se parte de nós. E é assim que deve ser: continuar a nossa vida e manter as memórias daquela pessoa como parte daquilo que somos e fazemos. Às vezes falo com ela e outras vezes sinto a sua presença em mim — isto ajuda-me e faz com que eu encontre sentido.
Acredito mesmo que a minha mãe desejava que eu continuasse e honrasse a sua vida através da minha, e é o que tenho tentado fazer.
A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990