A realidade que torna a missão do Banco Alimentar do Porto ainda mais importante

A pandemia ainda está aí. A guerra também. E a inflação. Mas temos, também, o sonho. A missão. E a mensagem de esperança que, hoje e mais do que nunca, temos de fazer passar.

O Banco Alimentar Contra a Fome do Porto acaba de entrar no seu 28.º ano de atividade. Quase três décadas após a criação deste projeto – um sonho que nasceu da vontade de um punhado de gente boa, gente que se move pela vontade de ajudar o próximo e que tem continuado, ano após ano, sem nunca baixar os braços, mesmo em situações mais difíceis –, encontramo-nos numa situação desafiante.

Em 2022, e no ano em que assinalamos o nosso 28.º aniversário, vivemos entre a pandemia e a guerra, tentando fortalecer a rede de ajuda que nos permite continuar a ajudar quem mais precisa e quem, fruto desta realidade, de forma totalmente inesperada, teve de vir ao nosso encontro.

Nós, 28 anos depois, continuamos aqui, no mesmo lugar, disponíveis para ajudar, mas sempre dependentes da ajuda de terceiros. Somos parte de um bonito ecossistema que, para alimentar, necessita de alimento: seja de parceiros, da comunidade ou do trabalho voluntário. Mas, hoje, exatamente 28 anos depois, e após tantos e tantos desafios, vemo-nos numa encruzilhada que, não nos desanimando, nos coloca inúmeras interrogações.

Dois anos após uma pandemia sem precedentes, e que aumentou de forma exponencial os pedidos de ajuda – mas que se revestiu, também, do aumento significativo de doações e de trabalho voluntário –, enfrentámos os efeitos colaterais de uma guerra que fez disparar a inflação e que veio retirar poder de compra à população, concretamente aos portugueses. Ainda que a vontade de ajudar se mantenha – e mantém, não tenho dúvidas –, o aumento do preço a pagar pelos bens essenciais faz com que as famílias tenham de fazer contas e escolhas.

Estamos perante uma enorme bola de neve, que, infelizmente, tenderá a aumentar. São cada vez mais as famílias portuguesas a precisar de ajuda no acesso a bens alimentares. São, também, cada vez mais os parceiros que, fruto da guerra e da dificuldade de acesso à matéria-prima, têm diminuído as dádivas. Nem a pandemia, com todos os desafios que colocou, nos fez recear tanto o que ainda aí vem.

Nas vésperas de mais uma Campanha de Recolha de Alimentos, o nosso pensamento concentra-se no que esperamos receber, para depois ajudar. Mas a pandemia ainda está aí. A guerra também. E a inflação. Mas temos, também, o sonho. A missão. E a mensagem de esperança que, hoje e mais do que nunca, temos de fazer passar.

O Banco Alimentar do Porto nasceu há 28 anos. Com ele nasceu uma nova estrutura, uma nova família, uma nova e importante ajuda, mas, também, uma nova esperança. Entre uma pandemia e uma guerra, queremos, por isso, deixar uma mensagem de conforto, que nos faça seguir em frente, sem amarras e sem medo.

Reconhecidos pela generosidade, os portugueses têm – e terão – um papel fundamental na viragem desta página da nossa história. Aprendemos, a pulso, que os desafios que nos colocam são para serem superados e que unidos somos e seremos sempre mais fortes. O Banco Alimentar, e especialmente este que tenho a honra de liderar, o do Porto, estará aqui, sempre, a ajudar a enfrentar os desafios que ainda estão para vir!

Entre a pandemia e a guerra: é esta a realidade que torna, hoje, a missão do Banco Alimentar do Porto ainda mais importante!

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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