Cartas ao director

Vergonha mundial

Ao tomar conhecimento do relatório da Oxfam publicado no PÚBLICO de 25 de Maio ("Maiores fortunas cresceram tanto em 24 meses de pandemia como nos 23 anos antes"), para minha surpresa não vejo ninguém comentar ou fazer um debate num dos canais de televisão sobre o assunto. Onde estão os jornalistas, comentadores ou fazedores de opinião? Este relatório é uma pedrada no charco que nos envergonha a todos, é isto que o capitalismo neo liberal oferece ao mundo?

A fortuna de dez pessoas é superior à riqueza somada dos 3100 milhões de pessoas que constituem os 40% mais pobres do mundo. Nos últimos dois anos (durante a covid-19) “nasceram” mais 537 novos milionários, ao mesmo tempo 263 milhões de pessoas foram atiradas para a pobreza extrema.

Nos dois últimos anos os sectores da energia, alimentar e farmacêutico, têm tido lucros fabulosos, obtendo 2600 dólares de lucro por segundo na energia, 20 milhões de dólares por dia de lucro nos cereais e 1000 dólares por segundo por via apenas da venda das vacinas. Como ser humano sinto vergonha ao constatar estes números e como nos dizia a poetisa, “vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar”.

Daniel M. Simões, St.º António da Charneca

Massacre em escola de Uvalde, Texas

É doloroso, angustiante e incompreensível o que se passa com alguma frequência, no democrata Estados Unidos da América, onde com alguma frequência ocorrem verdadeiros massacres de seres humanos realizados normalmente por jovens. A morte horrível de 19 crianças e duas professoraa, praticada por um adolescente porque lhe “apeteceu” é demonstração cabal da má interpretação dos tão apregoados “Direitos, Liberdades e Garantias”,esquecendo os Deveres, a começar pelo respeito pela vida dos seus semelhantes, seja quem for. Aqui funciona o maldito dinheiro, tão necessário para a vida normal de todos nós. Têm havido várias iniciativas para tentar acabar com a venda indiscriminada de armas, mas o vil metal tem estado sempre em primeiro lugar. Este mau exemplo como tantos outros vem de um país livre, democrata e dito “civilizado”.

Carlos Leal, Lisboa

Ajuda aos deslocados

Não podemos ignorar o sofrimento atroz de um povo que perante a tirania e a loucura de um homem fica exposto ao sofrimento nas suas mais variadas formas, as quais são a destruição dos seus bens, a fome e os perigos de serem atingidos, e ficarem feridos, mediante a falta de consciência daqueles que se julgam donos do mundo, sendo insensíveis ao choro das crianças e dos idosos que compõem um povo inocente.

É normal que as imagens televisivas despertem em muitos o sentimento de solidariedade para com aqueles que sofrem, e por muito que seja feito para minimizar as consequências de um conflito bélico, as marcas do mesmo jamais serão dissipadas da vida daqueles que presenciaram ou sentiram na pele as atrocidades de seres humanos sobre outros seres humanos, muitos deles sendo obrigados a cometer actos contra a sua vontade.

Ao longo dos anos, muitos têm sido os conflitos em várias partes do mundo que têm originado a fuga de milhões de seres humanos, que dependem da boa vontade de outros povos, e onde ser solidário para com os deslocados faz todo o sentido mas um esforço solidário que deve ser partilhado por todos, e onde à semelhança do que tem acontecido inúmeras vezes a solidariedade de uns não sirva o oportunismo de outros.

Américo Lourenço, Sines

O ministro da Educação e a verdade

O Ministro da Educação João Costa não pode falar como só agora tivesse tomado conhecimento dos graves problemas que afectam as escolas. João Costa foi secretário de Estado da educação desde 2015 e, por isso mesmo, tem também enormes responsabilidades em tudo o que não foi feito para resolver a falta de professores nas escolas e, como tal, deve falar verdade, o que nem sempre aconteceu na recente entrevista dada ao semanário Expresso. João Costa tem obrigação de resolver este problema com urgência porque o conhece por dentro desde 2015 e se o não fizer só poderá ser por incapacidade própria. Esperemos, para bem de todos os alunos das escolas portuguesas, que eu esteja enganado e que a nomeação de João Costa para ministro da Educação não tenha sido uma farsa.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

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