EUA preparam-se para enviar sistemas de rockets de longo alcance para a Ucrânia

Administração de Joe Biden responde a pedido urgente de Volodymyr Zelenski. Sistemas de armamento podem disparar obuses a centenas de quilómetros.

Foto
Novo pacote de ajuda militar da Administração Biden pode ser anunciado na próxima semana Reuters/KEVIN LAMARQUE

Os EUA estão a preparar-se para enviar sistemas avançados de rockets de longo alcance para a Ucrânia depois de um pedido urgente das autoridades ucranianas, disseram várias autoridades citadas pela CNN.

A administração Biden está, assim, inclinada a enviar os sistemas como parte de um pacote maior de assistência militar e de segurança à Ucrânia, que poderá ser anunciado já na próxima semana.

Autoridades ucranianas, incluindo o Presidente Volodymyr Zelensky e o ministro dos Negócios Estrangeiros Dmitro Kuleba, pediram, nas últimas semanas, que os EUA e os seus aliados forneçam à Ucrânia sistemas de lança-rockets múltiplos, ou MLRS, que podem disparar vários rockets a centenas de quilómetros, muito mais longe do que qualquer um dos sistemas que a Ucrânia possui actualmente, nota o diário britânico The Guardian.

Ainda esta quinta-feira, Kuleba reconheceu que a Rússia tem vantagem em termos de armas e que a Ucrânia necessita de “mais armas pesadas”. “Sem isso, não seremos capazes de empurrá-los para fora do nosso país”, afirmou numa publicação na sua página oficial do Twitter.

“Os sistemas de armas fabricados nos EUA podem disparar uma enxurrada de rockets a centenas de quilómetros, muito mais longe do que qualquer um dos sistemas que a Ucrânia já possui”, sublinhou.

Contudo, especialistas militares vêm este envio como uma possível reviravolta e um grande apoio às forças militares ucranianas. Citados pela Sky News, afirmam que o facto de estes sistemas poderem “disparar 12 obuses em menos de um minuto, intensifica significativamente o alcance da artilharia ucraniana”.

O major-general aposentado do Exército australiano, Mick Ryan, disse que o fornecimento destes sistemas à Ucrânia seria, para a Rússia, “um revés estratégico bastante forte e bem pensado”, acrescentando: “São necessários o mais rapidamente possível e em quantidades que possam, efectivamente, fazer a diferença”.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, apoia a entrega destes Sistemas de Lançamento Múltiplo de Foguetes (MLRS) à Ucrânia para capacitar as suas forças em operações contra a invasão russa.

Estes sistemas permitem o lançamento de mísseis guiados e de longo alcance capazes de atingir, inclusivamente, o território russo, uma vez que podem atingir alvos a 300 quilómetros de distância. É, assim uma aposta ofensiva que, na opinião de Johnson, é um caminho a percorrer ao invés de tentar chegar a um acordo de paz com o Presidente russo Vladimir Putin.

Neste sentido, Johnson pediu aos EUA e aos países aliados que tomem esta decisão em breve, porque a Rússia “continua a comer terreno"e no leste do país, onde tem vindo a concentrar as suas operações. Esta sexta-feira Johnson revelou que “apesar de lento”, o progresso russo já é “palpável”.

Nas últimas semanas, a Rússia intensificou os ataques no Leste da Ucrânia, onde as forças ucranianas estão em desvantagem numérica e a necessitar de mais armamento.

A guerra na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os sectores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou ainda, na passada quinta-feira, que 3974 civis morreram e 4654 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.

Sugerir correcção
Ler 13 comentários