Sindicatos da TAP unem-se contra os cortes salariais

Os principais sindicatos ligados à companhia aérea querem uma reunião com a administração liderada por Christine Ourmières-Widener até 3 de Junho, tendo já marcado novo encontro entre si para o dia 6 de Junho “para reavaliar a situação e deliberar novas medidas”.

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Trabalhadores dizem que estão a financiar a TAP e querem reunião com Christine Ourmières-Widener Rui Gaudencio

Nove sindicatos que representam, de acordo com os próprios, “a esmagadora maioria dos trabalhadores do grupo TAP” estiveram reunidos esta quinta-feira para planear “uma posição concertada dos sindicatos, tendo em conta os respectivos acordos e a actual realidade da TAP e do sector do transporte aéreo de passageiros”.

No comunicado que saiu do encontro destaca-se que numa das medidas do plano de reestruturação da TAP, na sequência da pandemia de covid-19 iniciada em Março de 2020, todos os trabalhadores “viram os seus salários drasticamente reduzidos, numa decisão transversal à empresa, imposta pelo Governo e pela administração, com um despedimento colectivo injustificável e ilegal”.

O documento é subscrito pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC, dos tripulantes de cabine), Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava, ligado ao pessoal de terra), Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (Sitema), Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), Sindicato dos Quadros da Aviação Comercial (SQAC), Sindicato dos Engenheiros e Engenheiros Técnicos (SNEET) e Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA).

Além do corte salarial de 25%, transversal a todos os trabalhadores do grupo e que deverá durar até ao final de 2024 para garantir uma descida dos custos da empresa, os pilotos têm ainda em vigor um corte adicional, que está neste momento nos 45%, enquanto no caso dos trabalhadores da manutenção ligados ao Sitema os cortes chegam, segundo o sindicato, aos 40%. Estes cortes adicionais serviram para proteger postos de trabalho. Até há pouco tempo, também os tripulantes de cabine tinham um corte adicional, mas a empresa negociou o seu fim de modo a reforçar a operação.

O plano de reestruturação, referem os sindicatos no comunicado conjunto, “foi justificado pela emergência da pandemia, que motivou a assinatura de acordos temporários com os trabalhadores, os quais devem ser adaptados à realidade”.

“Como afirmou a própria CEO da companhia, a TAP está a caminho de atingir este Verão 90% da sua operação de 2019, algo previsto pelo Governo apenas em 2024”, destacam os representantes dos trabalhadores, acrescentando que “os trabalhadores da TAP continuam a financiar a companhia numa altura em que a empresa atinge índices operacionais muito positivos, com níveis pré-pandemia”.

Os sindicatos querem agora uma reunião com administração liderada por Christine Ourmières-Widener até 3 de Junho, tendo já marcado novo encontro entre si para o dia 6 de Junho “para reavaliar a situação e deliberar novas medidas”.

Sindicatos e gestão vão ao Parlamento

Os representantes dos trabalhadores estão também prestes a serem ouvidos no Parlamento, na sequência de um requerimento do PCP, que foi aprovado. O objectivo do PCP é o de “aprofundar o conhecimento da actual situação que se vive numa das empresas estratégicas do país”. A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, e o presidente do conselho de administração, Manuel Beja, também irão ao Parlamento, mas neste caso na sequência dos requerimentos apresentados pelo PSD e pelo PS.

Os primeiros a tomar a iniciativa foram os sociais-democratas, que continuam a questionar os apoios dados à companhia e a supressão de alguns voos no aeroporto do Porto, e que requereram a presença da presidente executiva. Depois, o PS incluiu também Manuel Beja no processo, afirmando ser “da maior conveniência” que a Assembleia da República “possa proceder a um acompanhamento e análise do plano de reestruturação da empresa de modo a compreender se há desvios e quais as metas concretizadas, assim como as perspectivas futuras”.

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