Rússia de novo em risco de incumprimento na sua dívida

EUA retiraram a possibilidade às autoridades russas de efectuar transacções com entidades norte-americanas, o que dificulta o pagamento da dívida que Moscovo tem para pagar esta sexta-feira.

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EPA/ANATOLY MALTSEV

A Rússia enfrenta esta sexta-feira mais um teste à sua capacidade para continuar a cumprir no pagamento das suas dívidas aos investidores internacionais, depois de os EUA terem imposto mais um entrave no acesso de Moscovo ao sistema financeiro internacional.

Termina esta sexta-feira o prazo definido para que o Tesouro russo pague 71,25 milhões de dólares e 26,5 milhões de euros a detentores de títulos de dívida pública do país. Desde que deu início à guerra na Ucrânia até agora, contra as expectativas iniciais de muitos analistas, a Rússia tem conseguido fazer face às obrigações que assumiu junto dos seus credores internacionais. No entanto, desta vez, enfrenta um obstáculo adicional.

As autoridades norte-americanas colocaram, esta quarta-feira, um ponto final no regime de excepção que permitia, desde 2 de Março, que o ministério das Finanças, o banco central e o fundo soberano russos efectuassem transacções com entidades dos Estados Unidos desde que fossem operações relacionadas com os pagamentos de dívida pública.

Até aqui, essa excepção tem permitido que as autoridades russas façam os seus pagamentos, uma vez que têm conseguido assegurar a quantidade necessária de divisas estrangeiras. Desde o início da guerra já fizeram sete pagamentos relativos a dívida denominada em dólares.

Mas com o fim da excepção, mesmo assegurando que tem o dinheiro para pagar a dívida, a Rússia pode não ter maneira de fazer chegar o dinheiro às contas dos seus credores, uma vez que está impedida de realizar transacções com entidades norte-americanas.

Numa tentativa de evitar uma declaração de default (incumprimento) por parte das agências de rating internacionais, a agência russa que realiza os pagamentos anunciou esta semana que já tem os fundos necessários na sua posse e que poderá transferi-los esta sexta-feira. Moscovo defende que o simples facto de ter os fundos disponíveis já permite evitar o default, mas este não é o entendimento de diversos analistas que consideram que o facto de o dinheiro não chegar à conta dos credores já é motivo para que se declare o incumprimento.

De qualquer forma, a Rússia, como é habitual nestas situações, terá ainda um mês para regularizar a situação antes que o default possa ser considerado definitivo, com as respectivas consequências para os credores e devedor em causa.

Por exemplo, se um default for declarado, os credores podem activar os instrumentos financeiros com que tentam limitar o risco da operação, o que acaba por espalhar as perdas pelo sistema financeiro. No entanto, esta quinta-feira, a porta-voz do departamento do Tesouro dos Estados Unidos disse esperar que “o impacto de um default russo na economia mundial e norte-americana seja mínimo”.

No total, a Rússia tem cerca de 40 mil milhões de dólares em títulos de dívida emitidos em divisa estrangeira, sendo que, deste valor, cerca de 2000 milhões têm que ser pagos até ao final deste ano.

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