Estou a ver Os Princípios do Prazer e vêm-me à cabeça as aulas de sexualidade do ensino secundário. Aqueles dias em que, taciturnos, os professores de História, Português ou Matemática anunciavam que os próximos 90 minutos iam servir para falar de educação sexual. Risinhos, piadas para o colega do lado, primeiro sinal de embaraço a fazer-se notar naqueles que estavam habituados a falar sobre aquilo que efectivamente estudaram. A aula começava e lembro-me como o ambiente na sala chegava a tornar-se confrangedor: era visível que eles não queriam falar connosco sobre sexualidade — e nós também não os queríamos ouvir. O registo variava: havia o professor tímido, que, para não ter de falar, mostrava o filme Juno (de Jason Reitman, que conta a história de uma adolescente que engravida e entrega a criança para adopção), como quem diz é isto que vos vai acontecer se andarem por aí a fazer asneiras; havia o mais desinibido, que mostrava o sistema reprodutor e explicava a anatomia da coisa; e a mais conservadora, que proclamava a célebre frase: a melhor forma de evitarem doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez é… a abstinência! Mas bastava andar pelos corredores da escola para perceber que a maioria já andava (pelo menos) a pensar em sexo.
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