Varíola-dos-macacos: Portugal regista maior aumento de casos, já são 74

É o maior aumento de casos desde que a Direcção-Geral da Saúde anunciou os primeiros casos confirmados. São 16 novos casos.

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É o maior aumento de casos em Portugal desde o início do surto Reuters/DADO RUVIC

Mais 16 casos em Portugal de varíola-dos-macacos (também conhecida como vírus monkeypox, ou VMPX), anunciou esta sexta-feira a Direcção-Geral da Saúde (DGS). No total, existem 74 pessoas infectadas em território nacional, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo. É o maior crescimento no número de casos desde 18 de Maio – data da primeira comunicação da doença por parte da DGS.

Todos os infectados são homens, estando, de acordo com a DGS, estáveis e a ser acompanhados clinicamente. A maioria das pessoas infectadas tem menos de 40 anos. Esta não é, como já se sabia, uma doença exclusiva de homens, dado que já foram confirmadas infecções em mulheres dos Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, República Checa ou Suíça.

É, no entanto, a primeira vez que o VMPX regista casos fora de países endémicos sem que todos os casos tenham histórico de viagens a esses países ou contacto com animais importados. Já esta sexta-feira, dois países anunciaram casos pela primeira vez: Argentina e Finlândia. No caso argentino, trata-se de uma pessoa que esteve em Espanha entre 28 de Abril e 16 de Maio. Já no caso finlandês, apenas se sabe que viajou de outro país europeu. Ambos os casos encontram-se estáveis.

Já foram ultrapassados os 300 casos confirmados de VMPX em países não endémicos, 106 dos quais no Reino Unido. Esta sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde avisou que “estamos ainda no início do surto”. Na abertura do resumo técnico sobre o VMPX, a directora para as Doenças Pandémicas e Epidémicas da entidade mundial referiu que não há motivos de preocupação para a população, nem necessidade de vacinação em massa. Apesar disso, também afirmou que os casos vão aumentar e que este é o momento para travar a transmissão da doença.

A confirmação de uma infecção numa pessoa com menos de 18 anos numa escola no Quebec (Canadá) aponta nesse sentido. As autoridades de saúde locais detectaram este caso, mas indicam que não há motivo para alarme. O menor está isolado em casa, mas não foram adoptadas medidas para o resto da turma. Os responsáveis de saúde do Quebec referem que é necessário contacto próximo para a transmissão e que tal não terá acontecido.

As recomendações principais cingiram-se ao rastreamento de contactos e isolamento em casa. Rosamund Lewis, responsável técnica dedicada ao VMPX, advertiu também para que as pessoas com sintomas não se desloquem directamente às urgências, procurando primeiro um contacto com o serviço de saúde por telefone ou outro meio à distância.

A vacinação também foi deixada para segundo plano, com os peritos da OMS a não considerar neste momento a vacina contra a varíola humana como opção. Ainda assim, foi hoje noticiado na Suécia que a União Europeia irá avançar na próxima semana com o contrato para a compra centralizada de vacinas de terceira geração, à imagem do que já tinha sido avançado por Margarida Tavares, da DGS.

O risco de transmissão para a população mantém-se “muito baixo” para a DGS. A nível continental, o Centro Europeu de Controlo de Doenças apenas indica um risco “moderado” para pessoas com múltiplos parceiros sexuais.

A transmissão entre humanos não é comum neste vírus e é também menos eficaz. Ainda assim, a transmissão por gotículas (como tosse ou espirros) e por contacto físico próximo (como suor ou relações sexuais) são os principais veículos de contágio. Também o contacto com objectos, vestuário ou superfícies em que tocaram as lesões provocadas pela varíola-dos-macacos (erupções cutâneas ou “vesículas") são potenciais focos de infecção.

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