Blinken diz que EUA não querem uma “nova Guerra Fria” com a China

Secretário de Estado expôs as linhas orientadoras da estratégia de Washington para gerir as relações com a China. Proposta assenta na defesa do “sistema internacional baseado em regras” no Indo-Pacífico.

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Blinken revelou os pilares da estratégia dos EUA para lidar com a China Reuters/POOL

Os EUA querem evitar uma “nova Guerra Fria” com a China, mas vão defender o sistema internacional “baseado em regras” no Indo-Pacífico, afirmou esta quinta-feira o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

A ascensão da China a superpotência mundial, rivalizando com os EUA, é um dado adquirido que o chefe da diplomacia norte-americana fez questão de sublinhar. “A China de hoje é muito diferente da China de há 50 anos”, reconheceu Blinken, referindo-se à época em que os EUA normalizaram relações com o regime chinês, na altura liderado por Mao Tsetung.

“Na altura, estava isolada e era um país pobre, agora é uma potência mundial, a segunda maior economia do mundo, quer dominar a tecnologia do mundo, quer tornar-se uma potência mundial e tem a ambição de construir uma esfera de influência no Indo-Pacífico”, explicou Blinken.

O chefe da diplomacia norte-americano disse que, “com Xi Jinping, o Partido Comunista Chinês tornou-se mais repressivo em casa e mais agressivo no estrangeiro”. Porém, os EUA não ambicionam “transformar o sistema político” em vigor na China, garantiu Blinken.

O discurso de Blinken, em que foram apresentadas as principais linhas da política dos EUA para lidar com a ascensão da China, era muito aguardado, sobretudo depois do périplo asiático do Presidente Joe Biden na semana passada. Durante a viagem, Biden garantiu que Washington irá intervir militarmente se a China invadir Taiwan.

As relações entre os dois países têm decaído e a competição entre Washington e Pequim é hoje um facto assumido. Porém, Blinken fez questão de rejeitar qualquer hipótese de eclosão de um conflito entre os EUA e a China.

“Não estamos à procura de um conflito ou de uma nova Guerra Fria. Pelo contrário, estamos determinados em evitar ambos”, declarou o secretário de Estado durante o discurso na Universidade George Washington.

“Queremos intensificar as nossas comunicações com Pequim num grande número de temas”, afirmou Blinken, embora admitindo que os EUA não podem convencer-se de que o regime chinês venha a “alterar a sua trajectória”. “Por isso, iremos moldar o ambiente estratégico em torno de Pequim para fazer avançar a nossa visão de um sistema internacional aberto e inclusivo”, acrescentou.

Blinken disse ainda que as acções da China em relação a Taiwan são “profundamente desestabilizadoras” ao ameaçar “a paz e a estabilidade” na região. Porém, sublinhou que Washington não alterou o seu apoio à política “uma só China”, que reconhece apenas um governo legítimo da China. Nos anos 1970, os EUA passaram a reconhecer oficialmente o regime comunista de Pequim como representante da China a nível internacional, rompendo as relações oficiais diplomáticas com Taiwan. No entanto, Washington manteve desde então relações informais muito próximas com a ilha, sobretudo na área da Defesa.

O discurso de Blinken, adiado por causa da infecção pelo vírus SARS-CoV-2, coincide com o início de um périplo do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, por vários pequenos países do Pacífico, a região que está no centro da disputa geopolítica entre Washington e Pequim.

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