Prémio Booker Internacional atribuído a romance da escritora indiana Geetanjali Shree

Tomb of Sand, o primeiro livro de Geetanjali Shree publicado no Reino Unido, é também o primeiro romance escrito em hindi a ser distinguido pelo prémio britânico.

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Geetanjali Shree e a tradutora Daisy Rockwell vão partilhar o dinheiro do prémio

O romance Tomb of Sand, da indiana Geetanjali Shree, traduzido directamente do hindi para inglês por Daisy Rockwell, é o vencedor do Prémio Booker Internacional 2022, anunciou esta quinta-feira, em Londres, o presidente do júri, o tradutor Frank Wynne.

Tomb of Sand, o primeiro livro de Geetanjali Shree publicado no Reino Unido, é também o primeiro romance escrito numa das línguas mais faladas na Índia a ser distinguido pelo prémio britânico.

Para trás ficaram os outros cinco finalistas: The Books of Jacob, da Nobel da Literatura Olga Tokarczuk (com tradução de Jennifer Croft), também anterior vencedora do Booker International, A New Name: Septology VI-VII, do norueguês Jon Fosse (Damion Searls), Cursed Bunny, da coreana Bora Chung (Anton Hur), Heaven, da japonesa Mieko Kawakami (Sam Bett, David Boyd), e Elena Knows, da argentina Claudia Piñeiro (Frances Riddle).

Geetanjali Shree nasceu na cidade indiana de Mainpuri, em 1957, e estreou-se na escrita em 1987, com a publicação de um primeiro conto numa revista literária indiana, a que se seguiu um primeiro livro de contos, em 1991.

A escritora soma actualmente cinco romances e diversos livros de contos e novelas, tendo recebido diversos prémios no seu país, incluindo o Crossword Book.

A tradutora distinguida, Daisy Rockwell, é também escritora, tradutora, artista plástica, e vive em Vermont, nos Estados Unidos.

Rockwell, que nasceu no estado do Massachusetts em 1969, já traduziu para inglês várias obras clássicas da literatura hindi e urdu, tendo sido distinguida com diversos prémios pela sua tradução de A Gujarat Here, de Krishna Sobti.

A história de Tomb of Sand decorre no norte da Índia e segue o percurso de superação de uma mulher de 80 anos que entra em depressão profunda, após a morte do marido.

A lista curta do prémio deste ano foi dominada por mulheres, revelando-se “excepcionalmente forte”, segundo o júri.

“Foi lentamente e depois de uma longa e apaixonada discussão, que conseguimos ir excluindo as obras [seleccionadas] uma a uma. Por fim, fomos cativados pelo poder e lucidez de Tomb of Sand”, um romance “particularmente luminoso”, disse o presidente do júri, no anúncio do vencedor.

A lista deste ano foi também e novamente dominada por editoras independentes, entre as quais estiveram pela primeira vez a Honford Star e a Tilted Axis, que publicou o livro premiado - uma editora fundada pela tradutora Deborah Smith, distinguida em 2016 com o Booker Internacional, com o romance The Vegetarian, da coreana Han Kang.

O júri desta edição, presidido pelo tradutor Frank Wynne, contou ainda com a autora e académica Merve Emre, a escritora e advogada Petina Gappah, a escritora e humorista Viv Groskop, assim como o tradutor e escritor Jeremy Tiang.

A selecção inicial foi feita a partir de 135 obras, um número recorde de candidaturas.

O prémio Booker Internacional atribui um montante global de 50 mil libras (59.570 euros) à obra vencedora, repartidas igualmente entre autor e tradutor.

Nenhum dos livros finalistas está publicado em Portugal, mas Jon Fosse, Claudia Piñeiro e Olga Tokarczuk têm várias outras obras traduzidas para o mercado português.

O prémio visa distinguir livros traduzidos para o inglês e publicados no Reino Unido ou na Irlanda.

O anterior vencedor foi De Noite Todo o Sangue é Negro, do francês David Diop e traduzido por Anna Moschovakis. A tradução da edição portuguesa é de Miguel Serras Pereira.

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