Marco Oliveira assinala com Bailado das folhas o dia em que José Mário Branco faria 80 anos

Cantautor e fadista, Marco Oliveira estava a trabalhar no seu mais recente disco com José Mário Branco como produtor quando este subitamente nos deixou, na noite de 18 para 19 de Novembro de 2019, aos 77 anos. Três anos passados, quando José Mário Branco completaria 80 anos neste 25 de Maio de 2022, Marco quis assinalar a data com um novo videoclipe, desta vez do Bailado das folhas, poema que Alfredo Marceneiro recitava, acompanhado à guitarra, mas não cantava. Escrito por Henrique Rego, poeta popular que nasceu e morreu em Lisboa (1885-1963) e que foi quem mais versos escreveu para Marceneiro, ganhou aqui música pela primeira vez. “Foi uma encomenda que eu fiz ao Zé Mário”, explicou Marco Oliveira ao PÚBLICO, em entrevista, na altura do lançamento do sue disco. “Porque eu tinha ouvido o Marceneiro a dizê-lo, mas não havia uma melodia criada. Mas nunca pensei, na altura, que esse fosse o espírito do disco, que tivesse uma leitura tão grande antes e depois da partida do Zé Mário. Acabou por ser uma balada muito marcante, porque foi feita um mês antes de entrarmos em estúdio e gravada no último dia.”

A acompanhar o videoclipe, Marco escreveu estas palavras: “O José Mário faz 80 anos no dia 25 de Maio. Dentro de mim está mais vivo que nunca. Bailado das folhas é a balada que compôs e me ofereceu para cantar neste disco. É meu dever lembrá-lo sempre e agradecer por tudo o que continua a ensinar-me. É tempo de celebrar a sua presença nas nossas vidas.” Com Marco (voz e guitarra clássica) estão Ricardo Parreira (guitarra portuguesa) e Carlos Barretto (contrabaixo). Os arranjos, produção e direcção musical são de José Mário Branco, com supervisão artística de Manuela de Freitas e Ana Sofia Paiva. As misturas e masterização do disco, gravado nos estúdios Valentim de Carvalho entre 4 e 18 de Novembro de 2019 e editado pela Sony Music Portugal, são de António Pinheiro da Silva. O videoclipe é de Aurélio Vasques (ZulFilmes), com produção executiva da Espelho de Cultura e foi filmado no espaço SITIO (Lisboa) em 2021.

A acompanhar o lançamento do videoclipe, está ainda a informação de que entre 25 de Maio e 30 de Junho estará na Associação José Afonso em Lisboa a exposição fotográfica Quantos é que nós somos?, uma antologia das imagens registadas por Tiago Fezas Vital durante a gravação do disco, cuidadas por Mário Rainha Campos e Ana Taipas. Nas palavras de Ana Sofia Paiva: “O que teria sido uma discreta aproximação do fotógrafo ao trabalho de estúdio tornou-se no único registo do processo de gravação do disco Ruas e Memórias, de Marco Oliveira, com direcção musical de José Mário Branco, e também na cristalização das últimas horas de vida de um homem no exercício do seu ofício. Esta exposição revela, numa síntese fotográfica, a constelação de onde irradiam as notas mais puras desse instrumento belíssimo chamado mestre no zénite da criação. É simultaneamente um convite ao diálogo, uma convocatória e uma homenagem ao ofício artístico, às lições dos mestres e aos discípulos que, por amor, as façam valer.”