Erdogan vê “atitude positiva” em conversações com a Finlândia e a Suécia

Os países nórdicos mostraram disponibilidade para rever o embargo à venda de armamento à Turquia que está em vigor desde 2019.

Foto
Magdalena Andersson negou que a Suécia financie ou venda armas a organizações terroristas Reuters/TT NEWS AGENCY

A Turquia disse ter notado uma “atitude positiva” da parte da Finlândia e da Suécia no âmbito das conversações sobre a adesão dos dois países nórdicos à NATO.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, recebeu esta quarta-feira em Ancara delegações dos dois países que iniciaram recentemente o processo de adesão à Aliança Atlântica. Em causa estão as objecções divulgadas pelo Governo turco à entrada dos dois países, vistos pela Turquia como apoiantes de organizações terroristas curdas.

O veto da Turquia pode atrasar o processo de entrada dos dois países na NATO e, em teoria, até inviabilizar as adesões – é necessária unanimidade para a aprovação da entrada de novos membros na aliança. Alguns analistas consideravam possível que as adesões só se pudessem concretizar após as eleições legislativas suecas, marcadas para 11 de Setembro.

Porém, tanto a Finlândia como a Suécia ambicionam entrar na Aliança Atlântica o mais rapidamente possível, e é esse também o desejo da generalidade dos membros da NATO. Por trás dessa intenção estão os receios despertados pela invasão russa da Ucrânia, que também não pertence à NATO. Os dois países nórdicos mantinham relações muito estreitas com a aliança militar ocidental, mas não estão abrangidos pela cláusula de segurança colectiva, que considera um ataque a um dos membros como uma agressão a todos.

Depois de várias declarações contrárias à entrada dos dois países na NATO, Erdogan deu os primeiros sinais de estar disposto a aceitar as adesões. No primeiro encontro com diplomatas suecos e finlandeses, o gabinete presidencial elogia o que designou de “desenvolvimentos agradáveis”.

“Vimos uma atitude positiva em relação ao levantamento do embargo relativo a produtos da indústria de defesa”, afirmou o porta-voz do Presidente, Ibrahim Kalin, citado pela Reuters, no final do encontro.

Kalin referia-se ao embargo à venda de armamento à Turquia imposto pela Finlândia e pela Suécia em 2019 na sequência dos ataques militares turcos lançados contra as milícias curdas no Norte da Síria, que eram apoiadas pelo Ocidente no combate ao Daesh. O levantamento desta proibição é uma das exigências feitas por Ancara para viabilizar a entrada dos dois países na NATO.

Apesar do tom optimista, o porta-voz de Erdogan recordou que o processo de adesão “não irá seguir em frente a não ser que as preocupações de segurança da Turquia sejam atendidas através de passos concretos e dentro de um certo prazo”.

Para além do levantamento do embargo, a Turquia quer que os dois países deixem de apoiar financeira e militarmente as actividades do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla original), uma milícia curda que lidera uma insurgência contra o Estado turco há mais de 30 anos. Erdogan quer que a Suécia, particularmente, que tem uma importante comunidade curda, extradite alguns indivíduos suspeitos de actos terroristas para serem julgados na Turquia.

Antes do encontro, a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, tinha negado que o Governo tenha financiado ou vendido a armas a qualquer organização terrorista.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários