Kate Moss é esperada em tribunal esta quarta-feira para defender Johnny Depp

A supermodelo, que namorou com o actor nos anos 90, deverá comparecer presencialmente no tribunal de Fairfax, Virgínia, a pedido dos advogados de Depp.

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A modelo britânica Kate Moss com uma criação do designer americano Marc Jacobs para a Louis Vuitton, em 2011 AFP PHOTO/Patrick Kovarik (arquivo)

É uma das surpresas de um julgamento que tem atraído as atenções pelas mais variadas razões: Kate Moss, que ficou conhecida por ser uma espécie de antimodelo e chegou a ser a segunda estrela das passerelles e capas de revistas mais bem paga do mundo (em 2006, atrás da brasileira Gisele Bündchen), poderá mesmo aceder ao pedido dos advogados de Johnny Depp e comparecer presencialmente em Fairfax, Virgínia.

A inclusão de Moss no rol de testemunhas de Depp foi possível depois de Amber Heard, durante o seu depoimento, ter mencionado o nome da manequim a propósito de uma discussão que diz ter existido entre o ex-marido e a irmã junto a umas escadas. “Eu não hesitei, não esperei. Pensei imediatamente na Kate Moss e em escadas, e bati-lhe”, disse Heard, depois de reconhecer que atingiu o actor para defender a sua irmã.

Assim que Amber Heard disse o nome de Kate Moss, a equipa que defende Depp parece ter regozijado, já que o facto de a actriz ter incluído a referência no seu testemunho permite chamar uma testemunha que será abonatória. Afinal, os dois mantêm uma boa relação depois de esta ter terminado, há mais de 20 anos.

Já o motivo de Amber Heard ter recordado a ex-namorada de Depp poderá estar relacionado com um incidente de 1994, relatado pelo The New York Times, em que Depp foi detido depois de ter destruído um quarto de hotel onde se encontrava com Kate Moss. Na altura, a modelo não apresentou queixa por violência.

Também Johnny Depp deverá regressar ao banco das testemunhas para refutar as acusações da ex-mulher, detalhes do seu depoimento e apontamentos revelados por outras testemunhas da actriz, da irmã a um psiquiatra clínico, sem esquecer vários amigos que conviviam com o ex-casal durante o romance que durou cerca de sete anos.

Já durante esta terça-feira, o 21.º dia de julgamento, a defesa da actriz terminou de apresentar o seu caso sem chamar Depp a depor como havia dado a entender que faria ("Há uma semana que nos andam a dizer que iam chamar Johnny Depp [a depor]. É tudo jogos”, observou Benjamin Chew) e deu-se início às refutações de Johnny Depp, que contou com o testemunho do presidente da DC Films, produtor de Aquaman.

Walter Hamada, num depoimento gravado em Março, garantiu que o estúdio nunca planeou ter Heard como co-protagonista e que a sua participação na sequela não foi reduzida por causa do caso agora em julgamento, como a actriz alega. “Desde as primeiras fases do desenvolvimento do argumento, o filme foi construído em torno da personagem de Arthur e da personagem Orm. Arthur sendo Jason Momoa e Orm sendo Patrick Wilson. Eles foram sempre os co-protagonistas do filme.”

Ao longo do dia, foi ouvida ainda uma antiga amiga da irmã de Amber Heard. Jennifer Howell, directora executiva e fundadora da organização sem fins lucrativos The Art of Elysium, avaliou que Whitney Henriquez “está a fazer algo muito errado” ao apoiar as acusações da actriz contra Depp, ainda que tenha ressalvado acreditar que Whitney está apenas​ “a tentar proteger a irmã”.

E, com tempo de sobra para poder refutar à vontade, os advogados de Depp deram-se ao trabalho de chamar Morgan Night, proprietário do parque de caravanas de Hicksville, no Parque Nacional Joshua Tree, na Califórnia, que Heard, Depp e amigos visitaram em Maio de 2013. Tudo para desmentir Heard num pequeno detalhe. A actriz afirmou que o homem era “um enorme fã” de Depp; Night subiu ao banco das testemunhas para admitir que não era nada fã do actor, provocando gargalhadas na audiência. Além disso, o homem afirmou não ter assistido a nenhum tipo de violência por parte de Depp durante o tempo em que o grupo esteve na sua propriedade.

Menos bem-humorado foi o visionamento do vídeo do depoimento de Candie Davidson-Goldbronn, representante do Hospital Pediátrico de Los Angeles, ao qual Heard prometeu 3,5 milhões de dólares (3,26 milhões de euros), metade do montante do acordo de divórcio. Segundo a testemunha, o hospital só recebeu uma pequena fracção da quantia mencionada, 250 mil dólares (233 mil euros), desde 2016.

Johnny Depp está a processar Amber Heard por difamação, depois da publicação de um artigo no The Washington Post em que a actriz se identificou como uma sobrevivente de abusos. O actor exige uma compensação de 50 milhões de dólares (46,6 milhões de euros), alegando ter perdido trabalhos por causa da acusação que descreve como falsa. Por seu turno, Amber Heard contra-atacou com um processo de difamação de 100 milhões de dólares (93,1 milhões de dólares), argumentando que Depp a difamou ao chamar-lhe mentirosa.​

As alegações finais estão marcadas para dia 27, próxima sexta-feira. A juíza Penney Azcarate informou, ainda na semana passada, que os dois lados têm duas horas para gerir as últimas declarações, as refutações e ainda o momento de reconvenção, ao qual a ré tem direito.

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