Mourinho, “Lo Speciale”, volta a ganhar na Europa

Roma triunfa na primeira final da Liga Conferência ao bater, em Tirana, o Feyenoord. É mais um título para o recheado currículo do técnico português e o primeiro troféu europeu para Sérgio Oliveira e Rui Patrício.

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Zaniolo marcou o golo que deu o título à Roma Reuters/FLORION GOGA

José Mourinho nunca esteve muito tempo sem ganhar troféus. Aliás, essa é a sua marca registada e o seu apelo para equipas que querem ganhar imediatamente. Só nos seus dois primeiros empregos no futebol português (União de Leiria e Benfica) e na última passagem pela Premier League (Tottenham) é que o “efeito Mourinho” não funcionou. Nesta quarta-feira, a Roma recolheu os benefícios de ter apostado no treinador de Setúbal, ao conquistar a primeira edição da Liga Conferência, batendo na final, em Tirana, o Feyenoord, por 1-0. Para além de ser mais um título europeu no currículo de Mourinho, foi uma estreia vencedora em finais europeias para Rui Patrício e Sérgio Oliveira.

Pouco mais de um ano depois de ter sido despedido do Tottenham, Mourinho conquistou, na capital albanesa, o 26.º título da carreira, fazendo ainda o pleno de todas as finais em que esteve – Liga Europa (2003) e Liga dos Campeões (2004) pelo FC Porto, Liga dos Campeões (2010) com o Inter Milão e Liga Europa (2017) pelo Manchester United. É também o primeiro treinador a ganhar títulos europeus com quatro equipas diferentes e é o primeiro a inscrever o nome no palmarés desta competição recém-criada pela UEFA. E, para a Roma, este é o segundo título europeu da sua história, depois da conquista da já há muito extinta Taça das Cidades com Feira, em 1961.

Para não destoar de uma prova em época de estreia, também o palco teve um sabor a novo (a primeira vez que um estádio albanês recebeu uma final) para um confronto entre dois clubes com história no futebol europeu, sobretudo o Feyenoord, campeão europeu em 1970 e duplo vencedor da Taça UEFA (1974 e 2002). Mas, a partir dos bancos, era Mourinho quem tinha o benefício da experiência face ao seu relativamente novato adversário Arne Slot, a cumprir apenas a terceira época como treinador principal.

Esta diferença entre treinadores era extensível às duas equipas, uma Roma mais experiente contra um Feyenoord muito construído à base das suas escolas, jovem e irreverente, mas com menos tarimba para finais. E isso foi-se percebendo ao longo desta partida não muito espectacular, com um futebol mais reactivo do que proactivo. Ligeiramente melhor a equipa de Roterdão nos primeiros minutos, mas os romanos sabiam como defender, ou não fossem uma equipa treinada por Mourinho.

Como sempre, Rui Patrício estava na baliza romana e Sérgio Oliveira começou no banco, mas não iria demorar muito a entrar. Apenas 15 minutos tinham passado quando Mkhitaryan caiu ao chão - o arménio já não jogava há quase um mês e estava em dúvida, mas só durou um quarto de hora, entrando para o seu lugar o médio emprestado pelo FC Porto.

Quase do nada, a formação romana colocou-se em vantagem, aos 32’. Um passe longo de Mancini foi ter com Zaniolo, o internacional italiano dominou a bola no peito e, perante a oposição do guarda-redes Bijlow, fez o chapéu para o fundo da baliza. Festejou o banco da Roma, mas Mourinho manteve-se mais ou menos impassível e mandou toda a gente sentar-se. Ainda faltava mais de uma hora, não era tempo para celebrar, era a mensagem que o treinador português deixava.

A formação neerlandesa não teve uma reacção imediata, mas entrou com tudo na segunda parte e teve as suas melhores oportunidades nos primeiros minutos do segundo tempo. Entrou, então, em cena Rui Patrício, que fechou a baliza da Roma em dois momentos, primeiro a um remate de Til na grande área, após uma primeira bola que bateu no poste (seria autogolo de Mancini se tivesse entrado). Depois, o internacional português brilhou num remate de fora da área de Malacia.

A Roma foi uma muralha na segunda parte. Todos os jogadores, de Patrício a Tammy Abraham, o excelente avançado inglês e aposta absolutamente certeira, sabiam o que fazer no que restava da partida, confiantes no plano de José Mourinho. Quando o árbitro apitou para o final desta final, Mourinho finalmente festejou com todos os que estavam do seu lado. Era o “Special One” a transformar-se em “Lo Speciale”.

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