João Almeida saiu do pódio do Giro

O ciclista português já não está entre os três primeiros da Volta a Itália. “Abatido” pela aliança entre Carapaz, Hindley e Landa, Almeida ainda não tem como uma utopia o lugar nos três melhores, mas, com mais dias de perda, tê-lo-á mais tarde ou mais cedo.

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EPA/MAURIZIO BRAMBATTI

Um adepto de ciclismo dizia no Twitter que João Almeida é como o mosquito que nos desperta à 1h47 e nós matamos com a almofada. Vamos dormir confiantes, mas ele volta ao nosso ouvido à 1h51. Esta descrição foi construída pelo próprio ciclista português, que cunhou a imagem de ciclista que sofre, mas acaba, sozinho, por conseguir seguir os rivais a curta distância, apesar das fragilidades. Almeida descola, mas nunca desaparece.

Nesta quarta-feira, porém, o “mosquito” foi mesmo abatido. Na etapa 17, Richard Carapaz, Jai Hindley e Mikel Landa deixaram o ciclista das Caldas para trás na alta-montanha e Almeida, ao contrário de noutros dias, perdeu mais de um minuto para os rivais. O equatoriano, o australiano e o espanhol sabem que Almeida está frágil na montanha, mas que é o mais forte dos quatro no contra-relógio – motivo pelo qual esta “aliança do pódio” se uniu, de forma bastante coordenada, na tentativa de deixar o português para trás. E conseguiram.

A dado momento da subida mais dura do dia, Almeida aparecia atrás dos carros de apoio. Apesar de a transmissão televisiva não dar as diferenças, isso significaria que já estaria pelo menos 20 segundos dos rivais. As imagens do português só chegaram mesmo na meta, quando apareceu, em sofrimento, mais de um minuto depois dos principais adversários.

E Almeida, que segue como líder da classificação da juventude, deixou, assim, de ser o favorito a ocupar a posição mais baixa do pódio. Caindo de terceiro para quarto, o português está agora a 50 segundos de Landa, diferença que ainda é recuperável no contra-relógio da última etapa, mas que não poderá ser dilatada até lá, nas duas etapas de montanha que ainda restam neste Giro – o espanhol é frágil no “crono”, mas o percurso contra o relógio desse dia tem apenas 17 quilómetros, pelo que tirar mais de um minuto a Landa já roçará a utopia.

Desta etapa fica ainda o triunfo de Santiago Buitrago, da Bahrain, que sobreviveu na fuga do dia. Era um grupo com mais de 20 aventureiros, entre os quais nomes como Carthy, Arensman, Hirt, Martin, Ciccone ou Valter. Acima de todos estes, estava lá também Mathieu van der Poel.

Tal como Wout van Aert, o neerlandês é, ao mesmo tempo, um sprinter, um contra-relogista e um especialista em clássicas. E, tal como van Aert, também quer prosperar na montanha. Van der Poel voltou a fazer uma grande etapa, mas acabou por sucumbir à força dos trepadores puros, sobretudo Buitrago.

Para esta quinta-feira está agendada uma etapa de descanso para Almeida e os restantes “voltistas”. Será, em tese, dia para uma fuga ou para um final ao sprint.

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