João Lourenço escolhe uma mulher para candidata a vice-Presidente de Angola

Bornito Sousa deixou de ser o número dois a pedido do próprio, garantiu o Presidente angolano. MPLA escolhe a secretária de Estado das Pescas, Esperança da Costa, para o substituir. Terceiro e quarto lugares na lista às eleições de Agosto também são ocupados por mulheres.

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João Lourenço volta a ser candidato a Presidente Ampe Rogério/LUSA

Depois de ter escolhido uma mulher, Luísa Damião, para vice-presidente do partido, o MPLA decidiu que também o próximo vice-presidente de Angola, caso o partido se mantenha no poder como acontece há 45 anos, será uma mulher, a primeira num cargo tão alto na hierarquia do Governo. O Presidente João Lourenço, que é de novo cabeça de lista, escolheu a actual secretária de Estado das Pescas, Esperança da Costa, para número dois.

Esperança da Costa, licenciada em Biologia e que fez carreira académica na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, substitui Bornito de Sousa que, segundo o próprio chefe de Estado, se auto-excluiu da candidatura à vice-presidência nas eleições de Agosto. “A intenção da não recondução foi manifestada logo no início do presente mandato pelo vice-presidente, Bornito de Sousa”, explicou o chefe de Estado.

Mas o MPLA vai mais longe na sua busca de dar mais espaço às mulheres, porque além de Esperança da Costa, também a número 3 e a número 4 da lista de candidatos a deputados são ocupados por mulheres.

A terceira na hierarquia é Carolina Cerqueira, ministra do Estado para a Área Social e, por inerência do lugar, será a presidente da Assembleia Nacional, em caso de o partido repetir a maioria, sucedendo ao veterano Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”.

Segundo o Novo Jornal, Nandó passa a ser apenas o sexto na lista de candidatos do MPLA, depois de Bornito de Sousa e de Luísa Damião, a número quatro e a terceira mulher da lista. Nos dez primeiros lugares elegíveis para o Parlamento, o partido dos camaradas ainda seleccionou mais duas mulheres, Maria Sequeira Bragança (8) e Ruth Mendes (10).

Virgílio da Fontes Pereira, o actual líder da bancada parlamentar do MPLA, é apenas o 11.º nome da lista apresentada pelo líder do partido no princípio da reunião com os 693 membros do Comité Central, no Futungo II, em Luanda.

No sistema eleitoral angolano, não há eleições presidenciais, o cabeça de lista do partido mais votado é, por inerência, o candidato a Presidente, o número dois a vice-presidente e o número três a presidente da Assembleia Nacional.

No discurso de abertura, João Lourenço aproveitou para atacar a oposição por levantar suspeitas sobre a transparência do acto eleitoral antes mesmo de este se realizar – e ser marcado, só se sabendo que se realiza em Agosto, mas a data ainda não foi definida pelo Presidente angolano. Esta terça-feira, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), deu um parecer positivo por unanimidade em relação ao pedido do chefe de Estado sobre se estavam reunidas as condições para convocar o acto eleitoral em Agosto.

Num ataque aos que andam a “descredibilizar as eleições”, mesmo fazendo parte do sistema político, aprovando as leis eleitorais no Parlamento (onde o MPLA tem maioria absoluta) e quando fazem parte da Comissão Nacional Eleitoral, João Lourenço referiu que há forças políticas que não estão preparadas para disputar um sufrágio eleitoral, “porque perderam tempo em actividades de desestabilização social e vandalismo”.

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