CDU/Porto critica falta de estratégia e respeito por órgãos autárquicos na mobilidade

Alterações em projectos como o da linha rosa do metro, o metro bus da Boavista ou a requalificação das Avenidas Atlânticas mostram “falta de estratégia” do movimento de Rui Moreira, acusa a CDU

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Projecto de linha do metro que passa na Rotunda da Boavista é um dos criticados pelos comunistas Paulo Pimenta

A CDU do Porto considera que há uma “falta de estratégia e de visão do movimento Rui Moreira” nos transportes públicos e critica as decisões tomadas pelo executivo municipal “à revelia dos órgãos autárquicos”.

Em comunicado enviado esta terça-feira, a estrutura municipal do partido elenca situações como a alteração ao inicialmente proposto para a linha Rosa do Metro, que devia passar na Faculdade de Letras, mas cujo trajecto “foi amputado, passando a vir do Jardim do Carregal para a Praça da Galiza, e daí para a Casa da Música”.

Também as alterações à solução inicial de metro bus - que incluía a linha do Campo Alegre, e passou para as avenidas da Boavista e Marechal Gomes da Costa, sendo que no segundo troço não terá uma linha dedicada - merecem reparo da CDU.

A ampliação dessa linha até ao Castelo do Queijo não está “prevista no PDM” e “contraria o projecto publicamente apresentado por Rui Moreira de requalificação do troço ocidental (a partir da Fonte da Moura) da Avenida da Boavista”, refere o comunicado.

Este acrescento não “foi discutido nos órgãos municipais” e “recupera um troço que, aquando da discussão da ampliação da rede de metro do Porto (em 2008) suscitava muitas dúvidas pela pouca procura existente entre a Fonte da Moura e o Castelo do Queijo - tendo, na altura, sido apresentada como alternativa o aproveitamento da Avenida Antunes Guimarães, que permitiria servir importantes bairros (Campinas, Previdência, Fonte da Moura, Aldoar) e a zona industrial”, destaca o comunicado.

Quanto à nova ponte sobre o Douro para passagem do metro, os comunistas criticam o projecto, com uma amarração, no lado do Porto, que “se traduzirá numa ferida profunda, com um impacto muito negativo no polo 3 da Universidade e em toda a zona envolvente”.

Na proposta de requalificação das Avenidas Atlânticas, falta o “fundamental: repor a circulação do eléctrico, tal como está previsto no PDM que há menos de um ano o Movimento de Rui Moreira, sozinho, aprovou para a cidade”, sublinha a CDU.

São tecidas também críticas ao intento de construir uma nova ligação rodoviária entre o Porto e Gaia, num projecto orçado em 12 milhões de euros, que devia “estar concluída em 2022”.

“Quatro anos passados e na altura em que, de acordo com os prazos prometidos, deveria estar prestes a ser inaugurada, a única coisa que se sabe é que o seu custo estimado passou para 25 milhões de euros (que, face ao acréscimo dos custos de construção serão bem maiores) e que ainda nem sequer foi adjudicada a obra - o que mostra o amadorismo com que o assunto foi tratado, sem qualquer estudo de tráfego, sem cumprir pré-requisitos legais e com prazos e preços fantasiosos”.

CDU vai levar tema à AR

Face a todos estes episódios, a CDU conclui que “para o Movimento de Rui Moreira (cúmplice das decisões do governo PS), o que é verdade hoje pode não o ser amanhã, o que evidencia que não há estratégia, alterando-se projectos ao sabor de interesses/ opiniões de momento, com a agravante de, deste forma, se dar mau uso a dinheiros públicos que permitiriam, se bem gastos, melhorar efectivamente as condições de mobilidade da cidade e, simultaneamente, requalificar o espaço público e a imagem da cidade”.

O partido lamenta ainda que, “em questões essenciais”, o executivo “acha por bem não as colocar em discussão nos órgãos municipais, num conceito enviesado da forma como deve funcionar o Poder Local Democrático”.

A Coligação Democrática Unitária garante que “não abdicará, ao nível dos diversos órgãos autárquicos da cidade, de colocar as opções tomadas em causa” e que “a deputada do PCP eleita pelo círculo eleitoral do Porto à Assembleia da República irá questionar o Governo sobre as opções tomadas, solicitando o fornecimento dos estudos em que se basearam as mesmas e as suas alterações”.

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