PS viabiliza nova administração da Carris com abstenção preocupada

Socialistas dizem que novo presidente defendeu a privatização da empresa, mas entendem que estes tipos de nomeações competem ao presidente da autarquia. BE anunciou ter votado contra.

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Carris tem nova administração LUSA/MANUEL ALMEIDA

O PS viabilizou nesta segunda-feira a nomeação da nova administração da Carris abstendo-se na votação que aprovou Pedro Bogas para a presidência da empresa para o mandato que se prolonga até 2025.

A decisão foi apreciada em reunião privada do executivo Câmara Municipal de Lisboa. A proposta aprovou ainda designação do vereador do Planeamento de Mobilidade, Ângelo Pereira (PSD) como representante do município na assembleia geral da empresa municipal Carris.

A votação da proposta foi “por pontos e voto secreto”, tendo a nomeação de Pedro Bogas para presidente da Carris sido aprovada por maioria, com sete votos a favor, cinco contra e cinco abstenções.

O vereador socialista João Paulo Saraiva explicou ao PÚBLICO que o PS decidiu abster-se por entender que a escolha de pessoas para este tipo de cargos “deve partir da presidência da câmara, responsabilizando-a pela sua nomeação”.

Ainda assim diz que se absteve “com preocupação face ao perfil” de Pedro Bogas, que é quadro da Infraestruturas de Portugal e já foi administrador do Metro de Lisboa, ter “participado num Governo [de Pedro Passo Coelho] que defendeu a privatização da Carris e do Metro”.

João Paulo Saraiva diz que o PS “vai acompanhar com muita atenção o trabalho da nova administração” da Carris. Quanto a uma eventual nova vontade de privatizar a empresa, o socialista diz que o presidente da autarquia, Carlos Moedas, garantiu “que essa não é sua vontade e convicção”.

“Face ao perfil do novo presidente estamos preocupados e vamos acompanhar o seu trabalho com atenção e vigilantes”, disse ainda o vereador socialista.

Apesar do voto secreto, a vereadora única do BE, Beatriz Gomes Dias, também anunciou que o seu voto foi contra a proposta para a nova administração da Carris, considerando que a nomeação de Pedro Bogas “é um erro e uma má notícia” porque se trata de “um gestor que em 2012 foi nomeado pelo Governo de direita para privatizar a Carris e o Metro”, segundo revelou na sua conta no Twitter.

Nascido em 1973, Pedro Bogas já integrou um conselho de administração da Carris ao assumir em 2012 o cargo de vogal, depois de ter sido adjunto de Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes no Governo de PSD/CDS-PP entre 2011 e 2015.

Além da nomeação do futuro presidente da Carris, o executivo municipal aprovou votar favoravelmente as eleições de Ana Cristina Pereira Coelho e de Maria de Albuquerque Rodrigues da Silva Lopes Duarte como vice-presidentes do conselho de administração da empresa, assim como Sara Maria Pereira do Nascimento e Fernando Pedro Peniche de Sousa Moutinho como vogais.

Para a mesa da assembleia geral da Carris, os nomes propostos são Filipe Miguel dos Santos Pacheco como presidente, Paulo Jorge do Espírito Santo Caldas como vice-presidente e José Miguel Rosado Pereira Bibe como secretário, de acordo com a proposta aprovada.

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