Brigada Estudantil mobiliza protesto este domingo, em Lisboa, contra declarações de Pedro Adão e Silva

A manifestação foi convocada na sequência de afirmações controversas do novo ministro da Cultura, que disse na sua primeira intervenção no parlamento que a precariedade “não é um mal absoluto”.

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Pedro Adão e Silva afirmou não ser "desejável" ter "como ambição acabar com todos os vínculos precários da cultura" MÁRIO CRUZ/lusa

“Precariedade não é desejável” é o mote do protesto que o colectivo Brigada Estudantil convocou para este domingo, pelas 13h, em frente à Assembleia da República, na sequência das declarações controversas que Pedro Adão e Silva proferiu na sua estreia no parlamento, a 11 de Maio, na discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2022.

“Não podemos ter como ambição acabar com todos os vínculos precários da cultura, isso não é desejável”, disse o novo ministro da Cultura, acrescentando que “há profissões que, pela sua natureza, têm de manter a possibilidade de manter vínculos precários” e que “a precariedade, em muitas situações, não é um mal absoluto”. Bloco de Esquerda e PCP contra-atacaram de imediato, com a deputada bloquista Joana Mortágua a dizer que o ministro “confunde precariedade com intermitência”.

João Veloso, um dos membros da Brigada Estudantil, lamentou, em declarações à agência Lusa, que o ministro considere não existir “problema na precariedade, quando a precariedade é um mal absoluto que condena pessoas a não poderem ter estabilidade no emprego, a não poderem sequer perspectivar um futuro, perspectivar ter uma casa.”

“Estas declarações do ministro revelam uma falta de conhecimento generalizado do sector da Cultura, e também que este não quer estabilidade no emprego para as pessoas que trabalham no sector”, afirmou João Veloso. A mobilização deste domingo, sublinha o colectivo num comunicado enviado à imprensa, “tem como objectivo contestar as afirmações do ministro e deixar bem claro que os profissionais da cultura não se revêem neste discurso, nem quando lutam todos os meses para sobreviver, nem muito menos quando desistem das profissões em que investiram anos a fio, por estas serem sinónimo de uma insegurança constante”.

No manifesto lançando online aquando da convocação do protesto – que pode ser considerado a primeira manifestação pública contra Pedro Adão e Silva , o colectivo lembra que Portugal é “um país em que apenas uma elite tem direito a viver da cultura, onde nem sequer 1% do orçamento se destina ao seu desenvolvimento”, e que “inúmeros profissionais resignam-se a fazer a escolha de abandonar a profissão pela sua sobrevivência”.

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