Na Amazónia, as redes têm cada vez menos peixe: “O nosso principal rendimento está acabando”

A pressão do agro-negócio, da siderurgia, mineração e da produção de energia sobre territórios e recursos hídricos tem vindo a provocar uma avalanche de violência e impactos ambientais na Amazónia maranhense. Pescadores apontam o dedo às torres eléctricas da EDP Energias do Brasil, que refuta as acusações. Reportagem realizada com apoio do Amazon Rainforest Journalism Fund (Amazon RJF), em parceria com o Pulitzer Center

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As seculares fachadas de azulejos portugueses no Centro Histórico de São Luís, Património Cultural da Humanidade, encantam turistas do mundo inteiro. Mas a capital do Maranhão é também ponto de convergência das tensões oriundas do agro-negócio e dos grandes projectos de infra-estruturas.

Cidade insular, São Luís é conectada ao continente pela ponte sobre o Estreito dos Mosquitos, adjacente ao Campo de Perizes, através da BR-135. Essa parte da rodovia é uma espécie de “garganta” que liga o continente ao complexo portuário do Itaqui, por onde escoam as commodities da Vale, da Alumar (Consórcio de Alumínio do Maranhão) e do Matopiba.

A pressão do agro-negócio, da siderurgia, mineração e da produção de energia sobre territórios e recursos hídricos onde vivem povos tradicionais tem vindo a provocar uma avalanche de violência e impactos ambientais na Amazónia maranhense. O conflito mais recente envolve uma linha de transmissão da holding EDP Energias do Brasil S/A e as comunidades de pescadores de Santa Rita, a 70 quilómetros de São Luís, e dos municípios vizinhos de Anajatuba e Itapecuru-Mirim.