Em 1992, José Rodrigues dos Santos começou por publicar um livrinho dedicado ao tema da Comunicação, numa colecção temática na época editada pela Difusão Cultural. Mas as suas Crónicas de guerra, de 2001, já foram editadas pela Gradiva, que tem publicado toda a sua obra desde aí (embora em 2002 A ilha das Trevas tenha saído na Temas e Debates). 

Nestas duas décadas, em que foi editado pela Gradiva, José Rodrigues dos Santos tornou-se num dos autores mais disputados do mercado português. É uma presença recorrente no primeiro lugar dos tops de vendas e os seus romances inúmeras vezes foram "o livro mais vendido no ano" em Portugal. Esta semana, no entanto, foi anunciado que o próximo romance do autor de O Codex 632 sairá em Outubro e será editado pela Planeta de Livros Portugal. O grupo editorial espanhol pretende publicar José Rodrigues dos Santos em novos mercados, nomeadamente em países da América Latina.

“É com enorme entusiasmo que iniciamos este trabalho conjunto com o autor mais vendido em Portugal, com 23 romances editados, mais de 3 milhões de exemplares vendidos e publicado em mais de 20 línguas”, escreve a Planeta de Livros Portugal num comunicado enviado à imprensa há dois dias. O grupo editorial Planeta, que foi fundado em Barcelona em 1949 por José Manuel Lara Hernández, é o maior grupo editorial espanhol e está presente na América Latina, em Itália e em Portugal. O grupo atribui todos os anos o importante Prémio Planeta a um romance inédito. 

​“José Rodrigues dos Santos é um autor reconhecido e de confiança de todos os portugueses, sendo presença assídua no top de vendas nacional. É também publicado em países como França, Hungria ou Bulgária, com enorme sucesso. Pretendemos continuar a oferecer aos leitores portugueses as suas magníficas obras, mas também levá-lo a mercados onde ainda não está presente”, anuncia José María Calvín, o actual director-geral Planeta de Livros Portugal, nesse mesmo comunicado.

Já em 2015, Guilherme Valente que na sua longa carreira trabalhou nas Publicações Europa-América, na D. Quixote e na Editorial Presença antes de criar a sua própria editora, a Gradiva, em 1981, tinha criado a Gradiva Ibérica para publicar em castelhano as obras de Rodrigues dos Santos. Nessa altura o editor português apostou na tradução do romance A Chave de Salomão para espanhol com uma tiragem inicial de 11500 exemplares e o escritor português passou a negociar directamente com a sua editora os seus direitos de autor para língua espanhola. Na época, Guilherme Valente colocava até a hipótese de mais tarde vender os livros do seu autor best-seller também na América Latina. Sete anos depois, o jornalista e escritor português opta por assinar um contrato a Planeta. 

Quando O Codex 672 saiu nos Estados Unidos, José Rodrigues dos Santos explicava ao PÚBLICO que procurava sempre avaliar quem é a editora estrangeira que quer comprar os seus livros e o que quer fazer com eles pois não queria que os seus livros fossem parar a um cantinho das livrarias. Preferia “ter menos tradução mas bem apostada, do que muita tradução ignorada”. Vale a pena ler a mirabolante história de como o escritor português foi publicado pela primeira vez nos Estados Unidos nesta reportagem que fiz em 2008: José Rodrigues dos Santos, o Venturoso.

Esta sexta-feira a capa do ípsilon é dedicada à biografia de Fernando Pessoa: Richard Zenith foi entrevistado pelo jornalista Luís Miguel Queirós.