Rússia diz estar a usar uma nova arma laser, mas Zelensky goza com as “armas fantásticas”

Há muito que o regime russo diz estar a desenvolver tecnologia laser capaz de afectar satélites no espaço e de incendiar drones. O Presidente ucraniano diz que não passa de desespero.

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Putin diz que a Rússia tem desenvolvido tecnologia avançada de armamento de laser Reuters/SPUTNIK

A Rússia disse estar a utilizar lasers poderosos de nova geração na Ucrânia para destruir drones, como demonstração de algumas das armas secretas de Moscovo para contrariar o fornecimento de armamento ocidental ao seu adversário.

Em 2018, o Presidente russo, Vladimir Putin, exibiu um novo míssil balístico intercontinental, drones nucleares submarinos, uma arma super-sónica e uma arma de laser. Pouco se sabe sobre este novo laser. Putin referiu um chamado Peresvet, em homenagem ao monge guerreiro ortodoxo Alexander Peresvet, que morreu durante um combate.

O vice-primeiro-ministro responsável pelo desenvolvimento militar, Iuri Borisov, disse que a Peresvet já está a ser utilizada frequentemente e que é capaz de afectar satélites a uma distância de 1500 quilómetros da Terra. Na mesma conferência de imprensa, Borisov também referiu a existência de sistemas mais poderosos do que a Peresvet capazes de incendiar drones e outros equipamentos, descrevendo um teste, esta semana, em que um drone, a cinco quilómetros de distância, foi queimado em cinco segundos.

“Se a Peresvet é capaz de cegar, então a nova geração de armas laser pode causar a destruição física dos alvos: destruição térmica, incendeiam-se”, disse Borisov. Questionado sobre se essas armas têm sido usadas na Ucrânia, o vice-primeiro-ministro respondeu: “Sim. Os primeiros protótipos já estão a ser utilizados.” A nova arma chama-se “Zadira”, afirmou.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comparou, de forma satírica, as notícias sobre os lasers às chamadas armas fantásticas que a Alemanha nazi exibia como uma tentativa de impedir a derrota durante a II Guerra Mundial. “Quanto mais óbvia se tornava a derrota, mais propaganda havia sobre armas maravilhosas que seriam tão poderosas que poderiam garantir um ponto de viragem”, disse, durante um vídeo.

“E assim vemos como, no terceiro mês de uma guerra em larga escala, a Rússia está a tentar encontrar a sua ‘arma fantástica’ (...) isto mostra claramente o falhanço total da missão”, acrescentou.

Não se sabe quase nada sobre a Zadira, mas em 2017 os media russos revelaram que a empresa estatal nuclear Rosatom ajudou a desenvolver a arma como parte de um programa para criar armamento inovador.

A invasão da Ucrânia mostrou os limites das forças armadas convencionais russas, embora Putin insista que a “operação militar especial” esteja a decorrer como o planeado.

As declarações de Borisov indicam que a Rússia alcançou progressos significativos com armas de laser, uma tendência de interesse considerável para outras potências nucleares, como os EUA ou a China.

A utilização de lasers para cegar satélites era matéria do campo da ficção científica, mas os EUA, a China e a Rússia estão a trabalhar há anos em variações desse tipo de armas. Para além dos benefícios de incendiar drones, cegar os sistemas de reconhecimento tem igualmente um impacto estratégico, uma vez que os satélites podem ser usados para detectar mísseis balísticos intercontinentais que transportem armas nucleares.

Borisov disse ter acabado de regressar de Sarov, o centro da investigação em armas nucleares na Rússia, e garantiu que uma nova geração de armas de laser que usam uma banda electromagnética de largo espectro irá, no futuro, substituir as armas convencionais. “Esta não é uma ideia exótica; é a realidade”, afirmou.

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