Silk Nobre, ex-vocalista dos Cais Sodré Funk Connection lança-se a solo com Sabe, sabe

Uns hão-de conhecê-lo como cantor e músico, outros como actor e produtor. Integrou vários grupos (Shout, Funkie Messengers, Mister-Lyzard, Funk do Boi) antes de chegar aos Cais Sodré Funk Connection e com eles gravar três álbuns como vocalista. Agora, parte para uma nova aventura a solo e, como Silk Nobre (nome artístico de Fernando Nobre) lança esta sexta-feira um single com videoclipe: Sabe, sabe. Gravado no Campo Pequeno com realização de Arlindo Camacho, o videoclipe pretende, segundo os seus promotores, dar rosto ao projecto a solo de Silk Nobre, “como interlocutor lusófono e praticante da fala crioula”, convidando-nos a uma “viagem pela história e herança da música negra na diáspora, segundo os estudos e ensinamentos dos clássicos criados pelos encontros atlânticos entre Portugal e África, num convite à festa, à dança, à celebração na era digital e das comunicações rápidas e da inteligência artificial.”

Com letra de Silk Nobre, que assina a música em parceria com Pity, o tema conta com as participações em estúdio de Silk Nobre (voz, coros), Pity (coros, guitarra, baixo, percussão), Gonçalo Pimenta (percussão), Ivo Costa (percussão), Vaiss Dias (viola, cavaquinho, guitarra), Gui Salgueiro (teclados), António Barbosa (rabeca) e David Pessoa (ferro). A supervisão linguística do crioulo foi de António Nobre.

Filho de pais cabo-verdianos e nascido em Moçambique, na antiga Lourenço Marques (actual Maputo), em 1971, como o mais novo de seis irmãos, Fernando Nobre tem no sangue uma herança genealógica que, segundo a sua biografia, vai da Guiné à Escócia. Impelido, com os pais, a deixar Moçambique no processo de descolonização, chegou a Portugal em 1979, com apenas oito anos, na vaga dos chamados “retornados”. No seu processo de integração foi absorvendo várias culturas, ouvindo “de tudo das janelas do seu saguão”: viu as festas de quintal no Areeiro, com “os mais velhos a bailar com as ‘damas’ de Marvila, testemunhou onde se fechava as noites no antigo  Bairro Alto dos anos 80 e 90, o convívio do rock, a passagem pelo rap e pelo metal, até à pop da MTV.” Até ir para a tropa, foi bailarino de street dance, vindo a formar-se na Escola Superior de Teatro e Cinema e a integrar ao longo de dez anos o elenco fixo da companhia Teatro da Garagem, em Lisboa. Como actor, a par do teatro, participou em séries, novelas e filmes. Mas é na música que volta a querer fixar o seu nome: Silk Nobre, agora a solo.