Cientistas avaliam se Áreas Marinhas Protegidas estão a funcionar em Portugal

Estudo da Universidade do Algarve e a Fundação Oceano Azul deverá ser entregue ao Governo após a Conferência dos Oceanos da ONU em Lisboa

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Há várias zonas marinhas protegidas nos Açores Emanuel Gonçalves

A Universidade do Algarve e a Fundação Oceano Azul estão a avaliar a situação real das Áreas Marinhas Protegidas (AMP) portuguesas, estudo que será entregue ao Governo depois da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que decorre de 27 de Junho a 1 de Julho em Lisboa.

“As AMP são uma ferramenta decisiva para a protecção e recuperação das espécies e habitats marinhos, para garantir um oceano saudável e produtivo no futuro. Mas, para isso, têm de funcionar. Em Portugal, existem diferentes tipos de AMP e é necessário saber o que protegem e como, se cumprem os seus objectivos e se protegem de facto a natureza”, disse à Lusa Bárbara Horta e Costa, investigadora do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, que integra o projecto.

De acordo com Bárbara Horta e Costa, o documento de avaliação que será entregue ao governo está a ser elaborado a partir dos critérios estabelecidos por um estudo global que produziu o “Guia das AMP”, uma ferramenta considerada fundamental na caracterização dessas áreas e que permite aferir “o tipo de protecção existente e a sua potencial eficácia”.

Estas áreas, frisou a investigadora, não são todas iguais, nem têm o mesmo nível de protecção. “O Guia das AMP baseia-se nos níveis de protecção (por exemplo, se se pode pescar ou não) e no estádio de implementação [se a AMP existe ainda só no papel ou se está implementada “na água"] e identifica os resultados esperados e as condições de base para que possam funcionar”, indicou. Em Portugal existem hoje 71 áreas marinhas protegidas.

O CCMAR e a Fundação Oceano Azul estão a colaborar para produzir a avaliação das AMP portuguesas, prometendo, segundo Bárbara Horta e Costa, apresentar os resultados em breve, “logo depois da conferência dos oceanos”. “A nossa gestão [das AMP] está muito debilitada, porque não temos meios”, alertou a especialista em biologia marinha.

Fazem ainda parte da equipa que está a elaborar o documento os investigadores Jorge Gonçalves (CCMAR) e Emanuel Gonçalves (Fundação Oceano Azul).

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