Como ter sucesso no tratamento do melanoma maligno?

Ter cuidado com a exposição ao sol, vigiar os sinais e manter o acompanhamento junto do seu dermatologista aumenta a hipótese de diagnóstico precoce e a possibilidade de sucesso no tratamento do Melanoma Maligno, o cancro de pele mais grave.

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Luke Dean-Weymark/Unsplash

O Melanoma Maligno desenvolve-se a partir dos chamados melanócitos — as células produtoras de melanina, o pigmento responsável pela cor da pele. Apesar de ser mais comum na pele, também pode surgir nos olhos, nas unhas ou nas mucosas, por exemplo. A sua causa não é totalmente conhecida, mas sabe-se que a exposição à radiação ultravioleta (UV) aumenta o risco de desenvolvimento da doença. Como tal, os cuidados relativamente à exposição solar devem fazer parte da conduta da população em geral. O facto de Portugal ser um país particularmente soalheiro, torna esta atitude premente.

É importante monitorizar os sinais com características anormais (assimetria, mudança de cor, bordos irregulares, crescimento, hemorragia), aumentando assim a garantia do diagnóstico precoce e o sucesso do tratamento da doença.

Faz parte do tratamento a remoção do melanoma através de cirurgia, mas nem sempre esta é suficiente. Durante muito tempo não houve avanços significativos no tratamento, quer pela ausência de tratamentos eficazes, quer pela gravidade dos efeitos secundários. Felizmente, nos últimos anos, surgiram novas terapias, de que a imunoterapia é exemplo, que mudaram o paradigma do tratamento do cancro de pele mais letal. Para além da imunoterapia, também o aparecimento de medicação oral, dirigida a mutações frequentes do Melanoma Maligno, como é o caso da mutação BRAF, revolucionou o tratamento da doença.

Do tratamento devem fazer parte várias especialidades, médicas e cirúrgicas, de forma a proporcionar uma abordagem multidisciplinar dos doentes e assim garantir os melhores e mais inovadores cuidados existentes. Fazem parte destas equipas multidisciplinares a Dermatologia, a Cirurgia, a Oncologia Médica, a Radioterapia, a Radiologia, a Medicina Nuclear e a Anatomia Patológica. Com base em decisões conjuntas é definido o plano de tratamento para cada doente, de acordo com as características da doença e do próprio doente, nomeadamente as suas comorbilidades e preferências.

Quer o doente, quer a família do doente, devem ter uma participação activa nestas decisões, motivo pelo qual devem estar informados das várias possibilidades, riscos e benefícios. E porquê a família e não apenas o doente? Porque uma doença grave com necessidade de cuidados frequentes não afecta só o doente mas toda a estrutura familiar, com a sua dinâmica e rotinas. Sabe-se hoje, com base em evidência científica, que os doentes informados e que participam nas decisões de abordagem da sua doença têm resultados superiores, nomeadamente de adesão terapêutica e satisfação.

Com base nas terapêuticas disponíveis e na constante inovação, é necessário informar o doente das várias possibilidades, mas também das probabilidades de recidiva, das taxas de resposta ao tratamento e dos dados de sobrevivência disponíveis na literatura e que deram origem à aprovação dos fármacos. Será com base no conjunto destas informações válidas que a pessoa e o seu médico assistente irão definir o plano e lidar com as consequências das suas decisões. A confiança no médico assistente e na restante equipa é fundamental para o sucesso do tratamento.

Muita investigação e muitas mudanças na prática clínica têm sido feitas para mudar a evolução do Melanoma Maligno, melhorando os resultados e aumentando a sobrevivência dos doentes. Contudo, é imprescindível a consciencialização da população dos riscos e dos sinais de alerta que devem levar à procura de cuidados médicos. Sem esta mudança estrutural no pensamento e uma nova atitude não será possível um diagnóstico precoce, e serão reduzidas as hipóteses de cura da doença.

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