Inovar para melhorar o mundo

Contribuir para a resolução de problemas sociais é uma das apostas da Merck, uma empresa química farmacêutica que nasceu há mais de 350 anos que encara a ciência como uma força ao serviço de um bem maior. O Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais é um projecto recente que confirma isto mesmo. Mas há mais.

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Pedro Moura | Director-Geral Merck
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Lutar pela igualdade de género dentro das empresas, estimular as raparigas a enveredarem pela área das ciências, mudar o panorama da falta de apoios aos cuidadores informais. Estes são apenas três exemplos de acções recentes na agenda da Merck que demonstram como a farmacêutica mais antiga do mundo, fundada em 1668, em Darmstaad, na Alemanha, mantém os olhos postos no futuro.

Os valores da empresa alemã, que conta com 52 mil colaboradores espalhados por 66 países, estendem-se desta forma a toda a comunidade, mas a motivação inicial está nos doentes, como expressa o propósito da empresa As One For Patients: “Temos uma obsessão assumida pelos doentes que nos obriga a pensar diariamente se o que fazemos vai ao encontro das suas necessidades. Ao contrário da maior parte das empresas que se dizem patient centered, nós preferimos dizer que somos patient directed, para nós o doente não está no centro porque não é um mero receptor dos nossos serviços, está ao nosso lado porque trabalhamos em parceria”, afirma o director-geral, Pedro Moura.

A empresa em Portugal – que permanece ainda maioritariamente nas mãos da família Merck, já com 13 gerações desde 1668- centra a actividade maioritariamente na área de healthcare, com a produção de medicamentos em sectores tão diversificados como fertilidade, oncologia, diabetes, cardiovascular ou esclerose múltipla. “A fertilidade é a área em que somos líderes. Ajudamos a fazer nascer mais de 4 milhões de bebés a nível mundial e mais de mil por ano em Portugal, um país que atingiu o ano passado um dos piores índices de nascimentos das últimas décadas e está em número três da mais baixa taxa de natalidade. Outra esfera de actuação forte é a neurologia e a imunologia, onde nos focamos em aumentar a qualidade de vida dos doentes com especial destaque para a esclerose múltipla. E por fim, temos uma secção de medicamentos e soluções terapêuticas para oncologia e imuno-oncologia, focando-nos aqui sobretudo em prolongar a vida. Temos ainda uma área associada ao desenvolvimento de terapêuticas para a hipertensão, diabetes, distúrbios da tiróide, distúrbios da hormona do crescimento e insuficiência cardíaca, patologias muito prevalentes em Portugal e com custos muito elevados em termos financeiros”.

Sinergias que fabricam soluções

Um dos factores que diferencia a Merck de outras farmacêuticas são as sinergias motivadas pela combinação da área farmacêutica com os sectores de actuação menos conhecidos da empresa: “Apesar de sermos mais conotados com a actividade farmacêutica, a vertente de saúde representa apenas cerca de 36 por cento da nossa actividade, o restante distribui-se entre as áreas de Life Science – que inclui a produção de equipamentos, filtros e químicos que apetrecham os laboratórios científicos e empresas farmacêuticas, por exemplo, - e a Electrónica – que abrange o fabrico de ecrãs de telemóvel, ecrãs de LCD, chips para automóveis ou semicondutores eficientes que permitem fazer o processamento de dados de forma mais sustentável, algo muito relevante nos dias de hoje, e se estende à inteligência dos dispositivos. É a união de todos estes sectores que torna a Merck única na capacidade de inovar e encontrar soluções originais para os problemas da sociedade. Em termos práticos, permite-nos, por exemplo, desenvolver relógios parametrizados para um utilizador específico capazes de mostrar a frequência cardíaca em tempo real e avisarem com cinco minutos de antecedência se vamos ter um enfarte ou um AVC”, exemplifica Pedro Moura.

Quem cuida dos que cuidam?

A aptidão para encontrar soluções criativas, motivada pela sinergia entre os vários sectores da empresa é um dos activos a que a Merck recorre para sensibilizar poderes públicos e privados a mobilizarem-se para resolver problemas sociais. O outro é a filosofia patient directed que valoriza o encontro de soluções em conjunto com os principais beneficiários. Exemplo recente desta forma de actuar é o Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais. “Em 2020 foi publicado o Estatuto do Cuidador Informal que, apesar de um importante avanço social, está longe de ser suficiente para inverter o cenário de fragilidade que se agravou com a pandemia. O resultado de um inquérito que fizemos nesse ano aponta para a existência de pelo menos 1.2 milhões de portugueses que dedicam a sua vida a cuidar de alguém de forma não remunerada, abdicando da sua vida, de férias e muitas vezes até do seu trabalho. Este número corresponde a cerca de 12 por cento da nossa população, o que não é negligenciável. Devemos notar que os cuidadores informais têm um papel de relevância crescente ao assumirem cada vez mais tarefas no acompanhamento dos doentes, cuidando de filhos, pais, avós, tios ou amigos, levando a enormes poupanças de recursos para o Estado”, salienta Pedro Moura.

Apesar de insubstituíveis, continuam largamente invisíveis. Os dados veiculados pelo investigador Bruno Alves, citados na obra ‘Cuidar de Quem Cuida’, de José Soeiro, Mafalda Araújo e Sofia Figueiredo (Editora Objectiva, 2020), confirmam isto mesmo. Segundo os autores, o valor económico estimado dos cuidados informais correspondia na altura a 4 mil milhões de euros anuais, equivalentes a aproximadamente 333 milhões de euros mensais.

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Pedro Moura | Director-Geral Merck

“Mais importante que isto, estas pessoas estão a prestar cuidados que de outra forma não seriam prestados”, lembra o responsável da Merck. “Por isso, inspiramo-nos numa iniciativa da Merck internacional, chamada Embracing Carers, que existe desde 2015, e criar em Portugal o Movimento Cuidar os Cuidadores Informais, juntando mais de 30 associações de doentes que se reúnem regularmente e pensam o que se pode fazer de concreto para ajudar estas pessoas”. Um site que reúne informação útil e a criação de uma Rede de Autarquias Amigas do Cuidador Informal (RAACI), com a atribuição de um selo aos municípios que preencham determinados critérios (neste momento são 24) foram outras iniciativas do Movimento que pretende tornar visível e reconhecido o seu contributo e melhorar a sua qualidade de vida.

“O nosso papel é servir de elo de ligação entre entidades para dinamizar acções concretas. Uma parte destas pessoas não tem acesso a redes sociais ou internet e temos que as fazer chegar a um evento físico. Num segundo inquérito que realizamos, 64 por cento refere para além das dificuldades financeiras (os apoios são muito baixos e só atribuídos a quem está praticamente no limiar da pobreza) a falta de apoio emocional e psicológico como um grande problema. Pretendemos apoiar as iniciativas que as associações de doentes e autarquias no terreno considerem relevantes para inverter este cenário, sejam grupos de apoio, balcões informativos ou formações aos cuidadores, por forma a conseguirmos chegar às pessoas. E paralelamente trabalhar junto dos decisores para que o estatuto actual seja melhorado e os apoios aumentados. É bom lembrar que a maioria de nós a dado momento irá ser chamado a ser cuidador. E/ou poderemos precisar ser cuidados...”.

Legos (e ciência) para todos

Ter uma visão empresarial da gestão dos problemas também pode ser uma vantagem quando se trata de influenciar responsáveis de empresas a adoptar melhores práticas. Garantir paridade no que toca à presença dos géneros dentro das instituições de trabalho e cargos decisores, por exemplo, fica mais fácil se estiver claro que há uma vantagem nisso. Esta é uma das questões caras a Pedro Moura que se assume determinado a colocar na agenda de outros CEO uma mudança de paradigma.

“Actualmente, temos dados que demonstram que as empresas maioritariamente de homens têm uma performance inferior a empresas diversas em termos de género. Uma iniciativa da Merck Espanha, em 2018, chamada ClosinGap, mostrou isso mesmo. Depois de avaliar a percentagem de homens e mulheres nos cargos de liderança de 12 empresas de sectores diferentes, bem como o nível salarial para as mesmas funções, concluiu que os rácios estavam em desfavor das mulheres, estabelecendo-se metas para inverter o cenário em 3 e 5 anos. Mas o mais interessante foi a avaliação feita por uma consultora, do custo-oportunidade de não fazer essa inclusão e que mostrou aos CEO que tal opção seria simplesmente pouco inteligente em termos de resultados”, adianta.

“A Merck em Portugal conta com um número ligeiramente maior de mulheres do que homens e total paridade no que toca a cargos de liderança, o que vem desta convicção de que a paridade é um fator crítico de sucesso. Daí também querermos avançar com uma iniciativa para dar a conhecer a outros sectores de actividade esta vantagem em reduzir o gap entre os géneros e estabelecer metas para isso, através da implementação de uma discriminação positiva nos casos em que que exista sub-representatividade feminina. Considero que esta é uma forma muito concreta de alterar esta realidade. Se a diversidade é um facto, a inclusão é uma opção que deve tornar-se inevitável, não por uma questão de moda mas porque é mais eficiente para as empresas”.

Além das mudanças nas práticas institucionais, há contribuições que todos podemos fazer no que toca às desigualdades de género e que começam em gestos tão simples como deixar de considerar normal que as meninas recebam bonecas e os meninos legos, nota Pedro Moura. “Dia 11 de Fevereiro assinalou-se o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, uma efeméride que pretende sensibilizar a sociedade civil para a desigualdade no acesso à educação na área das ciências exactas. Na robótica, por exemplo, elas são apenas 20 por cento. Por isso fazemos questão de apoiar iniciativas como open days no ensino secundário, quando está na altura de decidir o curso a seguir, para reforçar que estás áreas, como todas as outras, são para ambos os géneros”.

Literacia dá saúde

Outro grande investimento da Merck passa pela aposta na melhoria da literacia dos portugueses no campo da saúde. Mais uma vez, em conjunto com as associações de doentes. “Apostamos em acções de sensibilização para o rastreio e diagnóstico precoce de várias patologias. Na área da oncologia estamos desde Março, o mês do cólon, a trabalhar com a associação Europacolon Portugal no sentido de sensibilizar a população para a importância do rastreio a partir dos 50 anos, sobretudo agora que houve muitos doentes que ficaram por diagnosticar durante a pandemia”.

Este rastreio também é especialmente importante na área dos tumores da laringe, faringe, orofaringe, boca e língua, “muito prevalentes em Portugal, especialmente em zonas do país com maior consumo de álcool com tabaco que é um dos gatilhos destes tumores, sendo importante a sensibilização para a ida ao médico de família ao primeiro sintoma, já que um diagnóstico precoce pode fazer a diferença entre a remissão, ou pelo menos prolongamento da vida, e um prognóstico menos favorável”, salienta Pedro Moura.

A farmacêutica alemã tem promovido também iniciativas de sensibilização na área da tiróide e da esclerose múltipla. “O ano passado fizemos uma campanha para mostrar que, actualmente, a esclerose múltipla, se for devidamente tratada, atempadamente e com os devidos cuidados, já é uma patologia que pode ser suportável durante muitos anos e sem necessidade de recurso a cadeira de rodas. Assumimos este papel de, juntamente, com as associações no terreno, contribuir para o conhecimento e a informação da população. Faz parte da contribuição alargada que queremos dar à sociedade. Começa na saúde e estende-se com as pessoas a todas as áreas da vida”, conclui o responsável da Merck.