Futebol celebra igualdade salarial nas selecções norte-americanas

Além da igualdade salarial já anunciada em Fevereiro, o acordo ratificado nesta quarta-feira vai mais longe e estipula mesmo que as equipas feminina e masculina vão dividir os prémios dos Mundiais, apesar de a FIFA pagar mais aos homens.

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Lionel Messi e Megan Rapinoe numa gala da FIFA EPA/MATTEO BAZZI

A 18 de Maio de 2022 o futebol norte-americano pode dizer, com carácter oficial, que alcançou a igualdade salarial entre homens e mulheres nas selecções nacionais do país. O acordo já tinha sido avançado em Fevereiro, mas só nesta quarta-feira foi ratificado pela Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF). E o acordo foi celebrado com o anúncio de medidas excepcionais que não tinham sido avançadas inicialmente.

Em Fevereiro, falava-se da igualdade salarial pura e dura, relacionada com equilíbrio total nos prémios de jogo e de presença pagos às selecções masculina e feminina. Agora, com o anúncio oficial, fala-se de algo mais, já que o acordo prevê que os prémios dos Mundiais 2022 e 2023 sejam divididos de forma igual pelas duas selecções, apesar de a FIFA pagar valores mais altos às equipas masculinas (cerca de sete vezes mais).

O acordo pressupõe igualdade também na vertente comercial. Serão divididos a meio os lucros de acordos comerciais – como iniciativas de marketing, acordos de equipamentos ou contratos publicitários – e será paga uma percentagem igual relativa a cada bilhete vendido para os jogos.

O acordo assinado até ao final de 2028 vai mais longe e estipula mesmo que as equipas feminina e masculina têm de jogar em estádios de igual qualidade, ficar em hotéis do mesmo nível e ter acesso ao mesmo número de voos charter para viagens para os jogos.

“Estes acordos mudam o jogo para sempre aqui nos Estados Unidos”, disse Cindy Parlow Cone, presidente da USSF. Já Becky Sauerbrunn, da associação de jogadoras da selecção feminina, lembrou que este acordo premeia a selecção de mais sucesso no futebol do país. “Com quatro vitórias em Campeonatos do Mundo e outras tantas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos, a selecção feminina de futebol dos Estados Unidos é a mais bem-sucedida da história desta modalidade no sector feminino”.

Alex Morgan, uma das jogadoras mais proeminentes da luta pela igualdade salarial, definiu este acordo pela premissa: “Pagamento igual para o mesmo trabalho”. “É um momento histórico para esta equipa e estou orgulhosa do trabalho que tivemos para que isto fosse possível”, acrescentou, no Twitter.

Mas também do lado masculino (que vai perder dinheiro relativo aos Mundiais) há satisfação e Walker Zimmerman, do sindicato masculino, saudou o acordo. “Foram negociações difíceis, mas, no fim de contas, é a coisa certa a fazer. É algo que as jogadoras da equipa feminina merecem”.

Tudo isto foi possível depois de cerca de 30 jogadoras selecção terem ido para tribunal contra a USSF, alegando a discriminação relativa a prémios e salários. Em Fevereiro, Megan Rapinoe, principal jogadora norte-americana, já tinha dito que mais do que lutar pelos seus prémios estava a lutar pelo futuro das futebolistas. “Sabemos que deixamos o jogo num lugar exponencialmente melhor do que aquele em que o encontrámos”, apontou em declarações à Associated Press.

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