O que é e como se transmite a varíola-dos-macacos?

A Direcção-Geral da Saúde confirmou 23 casos de varíola dos macacos em Portugal nesta sexta-feira. Como se transmite e quais os sintomas?

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Erupções cutâneas nas mãos de homem com varíola-dos-macacos na República Democrática do Congo CDC

Mais de 80 casos de infecção pelo vírus da varíola-dos-macacos (também conhecido como vírus monkeypox, VMPX) foram identificados em toda a Europa, durante o mês de Maio. A Direcção-Geral da Saúde informou nesta sexta-feira que existem 23 casos confirmados na região de Lisboa e Vale do Tejo. Ainda não há confirmação da origem dos casos, mas a directora-geral da saúde, Graça Freitas, aconselhou que “quem está doente ou esteve em contacto com um doente deve manter o isolamento físico dos outros e não partilharem roupa e objectos.”

O que é este novo vírus?

O vírus da varíola-dos-macacos é semelhante ao da varíola — que erradicámos em 1980. É um vírus que provoca uma doença rara e que não se dissemina facilmente entre humanos.

Apesar de o nome não o indicar, o vírus está presente sobretudo entre roedores e no continente africano. A varíola-dos-macacos foi descoberta inicialmente em 1958 devido a dois surtos em colónias de macacos (daí o nome), sendo que o primeiro caso em humanos foi registado na República Democrática do Congo em 1970.

Como se transmite?

A infecção através deste vírus está associada ao contacto com animais ou ao contacto próximo com pessoas infectadas ou materiais contaminados. A doença não é de fácil transmissão, sendo que pode ser transmitido a partir de dentadas ou arranhões de animais, ou através de gotículas no ar (tosse, espirros) ou fluidos (como suor) de uma pessoa infectada.

A transmissão também pode acontecer a partir do contacto com animais mortos ou do consumo de carne de caça.

Quais são os sintomas?

Os sintomas de varíola-dos-macacos são geralmente leves e não causam doença grave na maioria dos infectados. No entanto, os primeiros sintomas incluem febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares, o inchaço dos nódulos linfáticos ou cansaço extremo. Um sintoma comum, entre um e cinco dias após a febre, é o desenvolvimento de erupções cutâneas na cara e no corpo.

As lesões provocadas pela doença podem causar comichões ou dor. No entanto, como a maioria dos casos provoca doença leve, os sintomas desaparecem espontaneamente duas a três semanas após a infecção.

Que outros casos houve no passado?

O último surto significativo de varíola-dos-macacos foi em 2003, com origem no Gana, e infectou 47 pessoas nos Estados Unidos. O ponto de origem do surto foi um contentor de importação de animais, alguns deles infectados com o vírus e que contagiaram um vendedor de animais — iniciando o surto.

Os casos de varíola-dos-macacos são mais comuns no continente africano, onde têm sido reportados vários casos anualmente — devido a menores taxas de vacinação e maior proximidade a animais potencialmente infectados.

No último ano, os Estados Unidos confirmaram também dois casos de varíola-dos-macacos, importados da Nigéria. Na Europa, o Reino Unido registou um caso em 2019, aos quais se somam agora sete identificados este mês.

Neste momento, Portugal é o segundo país da Europa com maior número de casos, apenas superado pelos 30 confirmados de Espanha. Esta sexta-feira, com os casos anunciados, contam-se já mais 80 casos em todo o território europeu. Neste momento, existem casos confirmados, fora do continente africano, em Espanha (30), Reino Unido (20), Itália (3), Bélgica (2), Canadá (2), Alemanha (1), Austrália (1), Estados Unidos (1), França (1) e Suécia (1).​

Actualizado no dia 20 de Maio às 15h21 com os novos casos confirmados

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