Cães farejadores podem detectar covid-19 em locais com alta prevalência do vírus

Uma equipa finlandesa treinou quatro cães farejadores para detectar pessoas com covid-19 e obteve bons resultados em laboratório. Já no teste feito num aeroporto, a detecção de casos positivos não foi tão promissora - os resultados terão agora de ser replicados com mais passageiros.

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Quatro cães farejadores foram treinados para detectar covid-19, com bons resultados em laboratório Daniel Munoz / Reuters

Cães farejadores treinados podem detectar pessoas com covid-19, oferecendo mais uma ajuda na contenção da pandemia. Treinados em semanas, os quatro cães que participaram neste estudo demonstraram uma óptima eficácia em laboratório, aumentando em 90% as probabilidades de detectar casos de covid-19 em espaços com elevada prevalência do vírus.

Os dados preliminares publicados na revista científica BMJ Global Health mostram que este pode ser um método de pré-diagnóstico que poupa recursos e tempo, sendo especialmente válido em ajuntamentos de larga escala e com elevada prevalência do vírus.

A equipa finlandesa, liderada por Anu Kantele, utilizou quatro cães com histórico no campo da detecção: Rele e Kosti em bens perigosos, Silja em narcóticos, e E.T. em cancro canino. Os quatro farejadores treinados da detecção do vírus SARS-Cov-2 realizaram dois testes: um em laboratório e um no aeroporto internacional de Vantaa (Finlândia).

Este não é o primeiro estudo a propor a ideia de utilizar cães farejadores na detecção da covid-19, mas neste caso foi também testado num aeroporto. Entre Setembro de 2020 e Abril de 2021, estes cães farejaram 303 passageiros no aeroporto finlandês. Todos estes passageiros tinham também um teste PCR. Em 98% dos casos, os cães identificaram correctamente que não tinham covid-19. Porém, nos três casos (em 303) em que existia um teste PCR positivo, os cães farejadores não identificaram a doença.

Com resultados promissores apenas em laboratório, os testes terão de ser replicados novamente em aeroporto, em condições semelhantes ao movimento normal, por forma a reavaliar os dados obtidos.

A partir dos dados recolhidos em laboratório e no aeroporto, os investigadores calcularam também a capacidade de detecção de resultados correctos em dois cenários: um com uma elevada prevalência do vírus na população (40%), outro com baixa prevalência (1%). No caso de elevada prevalência, a informação dos cães farejadores permite aumentar as hipóteses de detecção em cerca de 90%.

Já em situações de baixa prevalência de covid-19 na população, a capacidade de detectar casos positivos não chega aos 10%.

Os investigadores apontam, no entanto, para a utilidade destes cães farejadores no pré-diagnóstico, podendo servir como triagem para a necessidade de realizar um teste PCR. “Estes cães podem ser usados tanto em sítios com alta prevalência do vírus, como hospitais, para pré-diagnóstico de pacientes e funcionários; como em locais de baixa prevalência, como aeroportos. Isto poderia poupar tempo e recursos”, aponta Kantele, investigadora da Universidade de Helsínquia (Finlândia).

Um estudo anterior, publicado em 2021 por investigadores britânicos, dava conta de uma precisão de 94% na detecção de covid-19 por cães farejadores a partir de amostras de laboratório.

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