Mais voz, por uma juventude mais saudável

Melhorar a saúde dos jovens exige construir com eles e não apenas para eles, assumindo e aproveitando o seu potencial enquanto agentes de mudança no mundo.

Uma participação significativa dos jovens não pode depender apenas da sua iniciativa, esforço e persistência, mas precisa de estar ancorada em oportunidades para que os jovens e as suas organizações se envolvam no desenvolvimento de políticas e iniciativas a todos os níveis.

O Ano Europeu da Juventude assinala o reconhecimento do papel dos jovens para o futuro das sociedades e apela a uma ação imediata, por parte da sociedade, para melhorar a sua vida. A juventude é uma etapa crucial do ciclo de vida, marcada pela transição para uma maior autonomia e plena de desafios e oportunidades no que à saúde diz respeito. Neste sentido, sucedem-se iniciativas para proteger e promover a saúde e bem-estar dos jovens e para potenciar o seu futuro. Contudo, vale a pena determo-nos um pouco sobre as metas que pretendemos alcançar e sobre as abordagens que estamos a utilizar para lá chegar.

A promoção da saúde pretende aumentar o controlo que os indivíduos e comunidades têm sobre a sua saúde. Inerente a isto, está um reconhecimento da importância da autonomia, da capacitação e da equidade, mas também da necessidade de ambientes que facilitem escolhas saudáveis. A evidência mostra-nos que estes ambientes mais saudáveis florescem quando existe uma distribuição mais equitativa dos recursos e poder entre indivíduos, quando existem relações interpessoais que potenciam a ação coletiva, quando as organizações têm recursos e redes que promovem políticas e ambientes saudáveis, quando as comunidades lideram na busca pelo direito à saúde. Melhor saúde implica, pois, uma maior ação dos indivíduos, grupos, organizações, comunidades, ou seja, mais coesão, envolvimento e participação.

A participação é um direito dos cidadãos, que é reconhecido desde a infância. A Convenção dos Direitos da Criança, por exemplo, salienta a necessidade de garantir as condições para que as preocupações e opiniões das crianças sejam incluídas. No contexto da saúde, a evidência aponta para que a participação dos jovens favorece uma melhor identificação e resposta às necessidades, um maior compromisso na identificação e implementação de soluções, uma maior sustentabilidade dos processos de mudança e uma maior equidade. A participação dos jovens no desenvolvimento e execução de programas e políticas contribui também para os preparar para uma cidadania ativa e produtiva.

Assim, independentemente das áreas específicas em que pretendemos melhorar a saúde dos jovens, garantir o seu envolvimento e participação será o ingrediente comum. Uma participação significativa dos jovens não pode depender apenas da sua iniciativa, esforço e persistência, mas precisa de estar ancorada em oportunidades para que os jovens e as suas organizações se envolvam no desenvolvimento de políticas e iniciativas a todos os níveis. Para isto, é preciso apoiar o desenvolvimento de competências de participação em saúde, é preciso ouvir e valorizar a voz dos jovens, é preciso oferecer momentos e contextos de participação seguros, para que todos tenham a oportunidade de se fazer ouvir e de contribuir para as decisões que afetarão a sua saúde e das suas comunidades.

Melhorar a saúde dos jovens exige construir com eles e não apenas para eles, assumindo e aproveitando o seu potencial enquanto agentes de mudança no mundo. Os jovens são o futuro, mas também o presente na construção de uma vida mais saudável. É preciso envolvê-los agora.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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