Cartas ao Director

António Barreto

Os ingleses têm um dito com piada: “Every dog has its day!”. António Barreto, na sua crónica “O espectáculo da guerra” (14.05.2022) disse algo que, a meu ver, vale mais do que tudo aquilo que até aqui tem sido dito sobre a guerra na Ucrânia: “A proibição ou a censura são armas de quem ataca a liberdade, não de quem defende a liberdade.” Infelizmente, a vasta maioria da nossa imprensa convive muito bem com a proibição que foi imposta ao canal de TV russo RT e à agência de notícias Sputnik. Para mim, com aquela simples observação, António Barreto teve o seu dia como cronista.

Ronald Silley, West Vancouver, Canadá

O tabu António Guterres

Bárbara Reis quebrou o tabu mantendo o tabu, ou seja, escreveu sobre aquilo que muitos pensam sobre o silêncio de António Guterres enquanto secretário-geral da ONU, mas que ninguém ousou materializar em Portugal.

É daqueles silêncios que se notam. Resta saber se pela discrição do cargo se pela inacção. Pessoalmente inclino-me mais para a inacção, até porque lendo bem o artigo, é só fazer as contas...

Maria Silva, Lisboa

O aborto e a remuneração dos médicos

Li na edição de 11/05/22 do PÚBLICO mais uma excelente crónica da Advogada Carmo Afonso intitulada “As mulheres e a remuneração de um médico de família”.

Os contornos “bizarros” da proposta em análise - que já mereceu a concordância da DGS - estabelecendo uma ligação directa entre a remuneração variável de um médico e a situação de mulheres que tenham abortado ou contraído IST - constitui um retrocesso social (eventualmente civilizacional), que não deverá ser permitido em Portugal.

Pelas razões identificadas e explicitadas na mesma crónica, deverá prevalecer um mínimo de bom senso, competindo a toda a comunidade médica e à sociedade civil pronunciar-se publicamente e em tempo útil sobre esta “aberração”, antes da decisão do Ministério da Saúde.

Por outro lado, ao assumir-se que a IVG, legal e livre, pode constituir uma falha no planeamento familiar, estaremos a dar passos significativos no sentido que a deputada Isabel Moreira destacava, com toda a pertinência, no seu último artigo no Expresso, com o título “Grab them by the pussy” - do Supremo Tribunal Americano para Mundo”.

Será que esta herança/ameaça do trumpismo chegará também até nós, através dos seus amigos portugueses, situados na direita conservadora e retrógrada deste País?

Carlos Ferreira

À atenção do ministro da Educação

Pelos dados que, aqui e ali, vêm vindo a público, o próximo ano lectivo terá a mesma falta de professores do que o que ainda está a decorrer. As soluções ensaiadas à pressa nunca dão bons resultados e o problema, que é demasiado grave e que teve o seu início quando Maria de Lurdes Rodrigues era ministra da educação do governo de Sócrates, nunca foi olhado de frente. Portugal que nunca teve tantas pessoas nas áreas de investigação científica, sendo muitas delas reconhecidas internacionalmente, graças à visão do ministro José Mariano Gago, tem agora falta enorme de professores. Parece cruel mas é a realidade, ainda que triste e que reflecte, sem qualquer dúvida, a importância que os ministros da educação têm. Será que o ser professor voltará a ser compensado devidamente pela sua actividade? Há no momento profissões que exigem licenciatura e que são miseravelmente pagas, o que é inadmissível num país que necessita de se afirmar pela sua competência. Esperemos que o ministro João Costa que conhece por dentro os problemas da educação em Portugal, consiga, a tempo e horas, garantir que em Setembro próximo não haverá os problemas dramáticos de falta de professores que ainda hoje acontecem em muitas escolas portuguesas.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

O caos da guerra na Ucrânia

Quem não está do lado e ao lado de opressores e expansionistas como Vladimir Putin, é mimoseado com insultuosos adjectivos, os quais não passam de ultrajes ao pensamento livre e democrático, contra qualquer imposição totalitária, que uns tantos “iluminados” querem impingir através de obsoletas cartilhas comportamentais.

Entretanto, concidadãos de boa-fé, defendendo tais mentes sectárias, alertam-nos que, mesmo assim, não devem ser coarctadas da sua liberdade de expressão.

Todavia, tais mentes defensoras de sociedades totalitárias, dizem-se agredidas nas sociedades livres onde vivem e exercem o seu inqualificável mister, ao quererem, através de sofismas e distorção factual, impor aos demais concidadãos aquilo que não professam.

Por isso, ai de quem os afronte, através de opiniões verbais e escritas. Os insultos não têm fim, tal como a metralha lançada sobre o território ucraniano, ou outros lugares à face da Terra.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

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