Suécia junta-se à Finlândia no caminho da NATO

Os sociais-democratas aceitaram mudar a posição que defendiam há décadas porque entrar na Aliança Atlântica é “o melhor para a segurança da Suécia”.

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O Ministro da Defesa, Peter Hultqvist, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Ann Linde, a primeira-ministra, Magdalena Andersson, e o secretário-geral do Partido Social Democrata, Tobias Baudin Fredrik Persson/EPA

A Suécia vai dar a entrada com o pedido de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), depois de o Partido Social-Democrata (PSD), actualmente no poder, ter decidido alterar a sua visão política de 73 anos para melhor garantir a segurança do país em função da ameaça representada pela Rússia, depois da invasão da Ucrânia.

“O melhor para a segurança da Suécia e do povo sueco é a adesão à NATO”, afirmou a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson numa conferência de imprensa, citada pela Reuters.

A decisão dos sociais-democratas chegou no mesmo dia em que a Finlândia anunciou que irá formalmente apresentar o seu pedido de adesão à Aliança Atlântica e os dois países sempre disseram que gostariam que os processos de entrada fossem coordenados.

Com um apoio maioritário dos suecos à decisão de entrar na NATO, numa mudança drástica de opinião provocada pela guerra na Ucrânia, os sociais-democratas chegaram à conclusão que estava na altura de alterar também a sua perspectiva e de concordar com pôr fim a 200 anos de neutralidade da Suécia, que lhe permitiu escapar a dois conflitos mundiais.​

“Para nós, sociais-democratas, é claro que o não alinhamento militar serviu bem à Suécia, mas a nossa conclusão é que já não nos servirá no futuro”, disse a primeira-ministra. “Amanhã [segunda-feira] irei assegurar que haja um apoio parlamentar alargado no Riksdag para um pedido de adesão da Suécia e, depois disso, de que estamos prontos para tomar uma decisão governamental”, acrescentou a primeira-ministra.

A tarefa de Magdalena Andersson está facilitada à partida porque se trata de um tema que tem o apoio generalizado dos deputados.

Para a decisão também contou o facto de a Suécia não querer ser o único país dos Báltico a ficar de fora da Aliança Atlântica. Como referiu Magdalena Andersson, isso deixaria o país numa “posição vulnerável”.

Mas a chefe do Governo sueco lembrou, porém, que esta mudança de política do país não pressupõe alterações naquilo que a Suécia continua a considerar uma parte importante da sua política externa, o seu papel na promoção do desarmamento nuclear.

Os dois países pretendem iniciar o processo o quanto antes porque o pedido de adesão não é algo que comece e termine rapidamente, implicando uma espera de meses até ser ratificado por todos os 30 Estados-membros, que devem aceitar unanimemente o alargamento.

A Turquia já se mostrou contrária à adesão, pela voz do próprio Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que se justificou com o argumento de que são “albergue de terroristas”, especialmente a Suécia – numa alusão às relações entre as autoridades suecas e o Partido do Povo Curdo (PKK), o partido que a Turquia ilegalizou e que os EUA colocaram na lista de organizações terroristas.

Mas Ancara já esclareceu que as palavras do chefe de Estado não estabelecem nenhuma linha vermelha e que o Governo turco quer apenas negociar a questão do PKK porque considera importante para a sua segurança.

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