Sporting em ritmo de férias foi suficiente para o Santa Clara

Os “leões” não precisaram de forçar muito para baterem tranquilamente a equipa açoriana. Pedro Gonçalves voltou a desequilibrar mais na criação do que na finalização.

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Momento do jogo entre o Sporting e o Santa Clara LUSA/MIGUEL A. LOPES

Segundo lugar “no bolso” do Sporting, sétimo no do Santa Clara. Alguém esperaria um jogo excitante entre lisboetas e açorianos? Poucos, provavelmente – e com razão. A partida deste sábado foi pouco rica, pelo que fica apenas o triunfo confortável do Sporting por 4-0, na última jornada da Liga portuguesa 2021/22.

Em Alvalade, o jogo foi, sobretudo, pouco intenso. Nada havia a disputar e, ao contrário do que aconteceu no Paços de Ferreira-Benfica – com alguns jovens a precisarem de mostrar serviço –, os jogadores escolhidos não estiveram com níveis de intensidade propícios a um bom jogo de I Liga.

Nesse sentido, a partida foi globalmente desinteressante e algo lenta. Houve, porém, alguns detalhes curiosos a nível táctico. O Santa Clara é, segundo o Who Scored, das equipas que menos sofre em contra-ataque e das que menos permite passes longos aos adversários, e confirmou isso em vários momentos do jogo, com um bloco vincadamente baixo. Mas essa postura era misturada com momentos repentinos de pressão muito alta, com três, quatro ou até cinco jogadores a “apertarem” a construção do Sporting.

Esta variabilidade no modelo defensivo pareceu criar alguma instabilidade aos “leões”, sobretudo pela incapacidade de saberem se deveriam esticar o jogo – e fizeram-no algumas vezes – ou se deveriam “chamar” os açorianos pelo chão – e também o fizeram.

E a presença de Daniel Bragança foi, em simultâneo, uma virtude e um defeito. O médio dotou a equipa de algum “perfume” adicional na criação de jogo ofensivo, mas teve menos a chegada à área de Matheus Nunes – algo que se notou ainda mais pela mobilidade de Tabata, que deu, ao contrário do que já chegou a mostrar, muito poucos apoios frontais.

E a presença na área foi, como se espera do brasileiro, menos relevante do que seria a de Paulinho, algo patente no número de cruzamentos de Porro e Nuno Santos sem ninguém para finalizar.

Assim sendo, os lances perigosos surgiram praticamente sempre de erros individuais. Aos 9’, uma perda de bola de Sagna em zona defensiva deu cruzamento de Nuno Santos e corte de João Afonso antes da finalização de Sarabia.

Aos 30’, uma perda de Coates deixou Mohebi isolado, mas o jogador iraniano atirou ao lado. Aos 41’, Inácio bateu longo para Pote e o cruzamento do português, mal afastado por Paulo Henrique, foi finalizado por Tabata no centro da área – depois de andar quase sempre longe da zona de finalização, o brasileiro contrariou, curiosamente, essa tendência, estando no sítio certo à hora certa.

Nota para a relevância que Inácio consegue ter nesta posição, do lado esquerdo do trio defensivo, não só por este bom passe, mas também pelo número elevado de passes aproximativos apontados pelo GoalPoint (ver em baixo).

O resultado fazia sentido não por o Sporting estar a criar muito jogo ofensivo, que não estava, mas apenas pelo domínio territorial em relação ao Santa Clara.

Pouco depois do intervalo, aconteceu o que seria preciso para quebrar o marasmo: trocas posicionais. Depois de uma primeira parte muito preso à posição, Pote baixou para pedir a bola em zona recuada, convidando Nuno Santos a fazer o percurso oposto. Resultado: uma boa bola em profundidade, um bom cruzamento de Nuno Santos e uma boa finalização de Porro (belo jogo do espanhol) ao segundo poste.

Aos 57’, tudo feito. Pote voltou a estar na criação do golo, desta vez com um cruzamento para Sarabia – provavelmente, no último jogo pelo Sporting, motivo que até levou os adeptos “leoninos” a aplaudirem o espanhol ao minuto 17 (o número do jogador) e ao 63 (quando foi substituído).

Pedro Gonçalves voltou a participar na criação – e não na finalização –, mudança de pelouro que já tinha ficado patente neste artigo do PÚBLICO.

Numa fase em que o jogo já estava (ainda) mais morto do que nos minutos até aí, Marcus Edwards entrou em campo para um golo tremendo, aos 78’, num remate de fora da área.

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