Polícia israelita ataca cortejo fúnebre de jornalista da Al Jazeera

Agente israelita morre em troca de tiros em Jenin, onde tem havido operações militares diárias, e onde na quarta-feira morreu a repórter Shireen Abu Akleh - segundo a Al Jazeera, atingida por um soldado israelita.

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Funeral de jornalista da Al Jazeera marcado por violentos confrontos Joana Gonçalves

A polícia israelita atacou esta sexta-feira uma série de palestinianos no início do cortejo fúnebre da repórter da Al Jazeera Shireen Abu Akleh, morta por uma bala que a estação diz ter vindo de forças israelitas, e lançou ainda granadas de atordoamento no local, dizem o jornal Haaretz e a agência Reuters.

A violência aconteceu no início do cortejo fúnebre, quando o caixão saía do hospital de São José em Jerusalém Oriental, perante uma multidão de palestinianos com bandeiras da Palestina.

A polícia carregou sobre a multidão e a dada altura o grupo que levava o caixão quase foi derrubado. A seguir, o caixão desapareceu por entre a multidão, e por pouco não chegou a cair, descreve a agência Reuters.

A polícia lançou ainda granadas de atordoamento sobre o que classificou como “um motim”, disse o diário israelita Haaretz. Antes do serviço fúnebre, celebrado numa igreja católica na Cidade Velha de Jerusalém, voltou a haver confrontos, com a polícia a tentar bloquear a rua que dá acesso à igreja.

Shireen Abu Akleh, 51 anos, foi morta por um tiro quando fazia a cobertura de uma operação militar do Exército israelita em Jenin. Era a “narradora da causa palestiniana”, a cara que desde 1997 contava aos árabes que assistiam à Al Jazeera o que acontecia nos territórios palestinianos.

Israel começou por dizer que o tiro teria sido “provavelmente” disparado por um palestiniano armado, numa troca de tiros entre soldados israelitas e combatentes palestinianos. Os jornalistas que estavam com Abu Akleh disseram que não havia quaisquer trocas de tiros no local em que estavam.

A Al Jazeera acusa Israel pela morte da repórter, assim como o Qatar (que detém a emissora) e a Autoridade Palestiniana.

No dia seguinte, o exército mudou o tom e disse que não era possível saber ainda quem disparou o tiro. Um relatório da investigação preliminar, divulgado esta sexta-feira, aponta duas hipóteses, uma de terem sido combatentes palestinianos a disparar “dezenas de tiros” contra veículos militares israelitas “na direcção” em que estava a jornalista; outra, a de ter sido um soldado israelita a disparar contra um jipe onde iam palestinianos armados.

As forças israelitas recomeçaram as operações na zona dos arredores de Jenin, onde ficaram feridas pelo menos 13 pessoas. Um agente israelita de 47 anos foi atingido na troca de tiros e acabou por morrer no hospital.

As forças militares israelitas têm levado a cabo operações praticamente diárias em Jenin, especialmente no campo de refugiados, na sequência de uma onda de ataques que fizeram vários mortos em Israel, alguns deles envolvendo palestinianos da cidade. Desde 22 de Março, morreram pelo menos 18 pessoas nestes ataques em Israel e, segundo as contas da agência AFP, no mesmo período morreram 30 palestinianos e três árabes israelitas, incluindo os autores de alguns dos ataques e pessoas mortas nas operações israelitas na Cisjordânia.

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