Governo espanhol afasta chefe dos serviços secretos devido a caso Pegasus

A demissão da directora do Centro Nacional de Informação foi decidida esta terça-feira na reunião do Conselho de Ministros.

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Paz Esteban foi a primeira mulher a chefiar os serviços de informações espanhóis JUAN CARLOS HIDALGO/EPA

O Governo espanhol decidiu afastar a chefe dos serviços secretos, Paz Esteban, como consequência do caso Pegasus de espionagem de líderes independentistas e dos telemóveis do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, e da ministra da Defesa, Margarita Robles, num escândalo político que ficou a ser conhecido como Catalangate.

De acordo com fontes governamentais citadas pela imprensa espanhola, a demissão da directora do Centro Nacional de Informação (CNI) foi decidida esta terça-feira na reunião do Conselho de Ministros. Para o seu lugar, segundo avança o El País, já foi nomeada Esperanza Casteleiro, até agora secretária de Estado da Defesa.

Paz Esteban, a primeira mulher à frente da “secreta” espanhola e a única directora com uma carreira na “casa” que assumiu o cargo há pouco mais de dois anos, tornou-se assim na primeira vítima da espionagem dos telemóveis dos políticos através do sistema Pegasus.

A responsável pelos serviços de informações espanhóis tinha sido chamada na passada quinta-feira a uma comissão parlamentar para esclarecer a espionagem de dezenas de políticos pró-independência e também do primeiro-ministro e da ministra da Defesa.

Na ocasião mostrou as autorizações judiciais que permitiram a espionagem de cerca de vinte políticos pró-independência da região da Catalunha.

O movimento a favor da independência da Catalunha pedia há várias semanas a demissão da ministra da Defesa, que considera ser a principal responsável pela alegada espionagem de dezenas dos seus líderes.

O caso Pegasus foi revelado por um relatório do grupo Citizen Lab, relacionado com a Universidade de Toronto (Canadá), que indicava que pelo menos 65 activistas catalães foram espiados entre 2017 e 2020, estando entre os visados o actual presidente regional catalão, Pere Aragonés (que era vice-presidente da região na altura), os antigos presidentes regionais Quim Torra e Artur Mas, assim como deputados europeus, deputados regionais e membros de organizações cívicas pró-independência.

No início da semana passada, o executivo espanhol apresentou uma queixa no tribunal Audiência Nacional por alegada espionagem dos telemóveis do primeiro-ministro e da ministra da Defesa, apesar dos factos terem ocorrido em 2021.

Este caso mostrou um afastamento cada vez maior entre o Governo espanhol e os seus principais parceiros, nomeadamente o Unidas Podemos (extrema-esquerda, parceiro no governo) e a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista, apoio parlamentar).

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