Cartas ao director

Língua Portuguesa

Farto de tropeçar em palavras e expressões inglesas - obviamente muito para além da leitura assídua do PÚBLICO - venho aqui desabafar esse meu enfado a propósito da mensagem do Ministro dos Negócios Estrangeiros, publicada quinta-feira neste jornal. Eis o desabafo: li com sincero apreço, diria até com discreto orgulho a entusiástica mensagem do ministro, que visava celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa: são inegáveis as “virtualidades como ferramenta de comunicação” da Língua Portuguesa, é notável a sua “plasticidade”, e com isso, mas não só, se tornou ela, no vasto universo dos seus falantes, “uma língua cheia de mundo”. Mas ao ler com o devido carinho, também ri - ri à maneira do Caeiro, “como quem tem chorado muito” - por ver a alma (língua) lusa tantas vezes rejeitada onde e quando menos se esperava: digam-me dessa visita ao Quake, tremendo museu e espaço de imersão em Lisboa! Digam-me dessa descoberta do Open house Lisboa 2022, dedicado à promoção do “património edificado, bem como a sua história, de modo a aproximar os cidadãos da cidade” (sic)! E pague por contact less, e trabalhe “em home office” (assim falou quarta-feira um eminente político!), contribuindo dessa forma ao louvável (e eficaz) esforço do processo "task force".

Eu sei que andamos muito precisados do inglês, mas não podemos promover a Língua Portuguesa no mundo desprezando-a cá em casa.

Arlindo Leonardo, Alcains

Maximino Serra expulso do PS?

É verdade mesmo. Maximino Serra foi expulso do PS. Só quem não conhece o percurso de antifascista de Maximino Serra poderá aceitar a sua expulsão do PS, onde militava desde 1973, muito embora tenha concorrido como último suplente nas listas dos Nós Cidadãos à Câmara de Alcobaça nas últimas eleições autárquicas. Concordo totalmente com Manuel Alegre, quando quer “reverter a decisão” tomada pelo PS pois uma vida toda de luta, maioritariamente como militante do PS, não pode ser esquecida por questões menores. Oxalá António Costa tenha em devida conta todas as lutas em que Maximino Serra se envolveu, até porque as conhece bem de perto, e reverta a decisão da expulsão que em má hora foi tomada.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

A imprevidência e a ingenuidade de Lula

Lula da Silva, o ex-presidente do Brasil que esteve a contas com a justiça tendo sido condenado, encarcerado e devolvido à liberdade, resolveu, agora, abrir a boca para comentar a guerra na Ucrânia. E o que disse o íntegro e clarividente Lula? Disse que “Zelensky é tão culpado quanto Putin” (sic) nesta guerra que grassa na Ucrânia. Ou seja, um país soberano e independente foi invadido pela Rússia e Zelensky, para Lula, “é tão culpado quanto Putin”… Se isto não é uma blague não sei o que seja.

António Cândido Miguéis, Vila Real

Começa a ser moda...

Começa a ser moda ir à Rússia ou Ucrânia pedir a paz. Já lá esteve o secretário-geral da ONU, o “nosso” António Guterres, ao que consta António Costa, mais dia, menos dia, fará o mesmo, como também o nosso irrequieto... Marcelo Rebelo de Sousa. Bom, esta guerra, só terminará havendo um entendimento entre os dois líderes (da Rússia e da Ucrânia). Tudo o resto, como diz o povo, “é tudo a armar ao pingarelho”... O que é que António Guterres foi fazer a Moscovo? Nada. No fundo existe uma grande verdade: Putin, que já está classificado como um criminoso de guerra, tentará imitar Hitler, e o Mundo, caminhará para uma 3.ª Guerra Mundial, desta vez com a a agravante do nuclear.

Tomaz Albuquerque, Lisboa

A Europa e o petróleo e gás russo

O (pretenso) boicote europeu à compra do petróleo e gás natural russo será implementado gradualmente ao longo de seis meses e só durante 2023 as consequências maiores serão sentidas pela Rússia. A República Checa, a Áustria, Hungria e Eslováquia, muito dependentes do abastecimento russo e sem acesso ao mar, já levantaram objecções à medida.

A União Europeia “ainda” terá de encontrar alternativas, ou seja, fornecedores de petróleo e gás natural, presumivelmente no Médio Oriente, outra área do mundo que não mostrou qualquer vontade em sancionar a Rússia. Logo, a Rússia vai continuar a receber bom dinheiro da Europa, em troca de petróleo e gás natural, pelo menos, se não mais, durante todo este ano de 2022.

Ora, terá mais que verbas para continuar o esforço militar contra a Ucrânia. A presidente da Comissão Europeia só faz ameaças a Putin, aos oligarcas, a tudo que mexe na Rússia, mas não conseguiu ainda, e pode não vir sequer a lá chegar, a unidade dos 27 para “alinharem” no embargo total ao petróleo e ao gás natural de Putin. Reagimos Ocidente, Europa, os 27, muito tarde, demos tudo de bandeja a Putin - antes na Geórgia, depois na Crimeia, agora na Ucrânia - para ele fazer o que bem lhe apetece.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

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