Sinn Féin conquista voto popular e deve vencer eleições na Irlanda do Norte

Partido nacionalista irlandês teve 250.388 votos e pode ser o mais representado na Assembleia, pela primeira vez em 101 anos. Contagem de votos vai prosseguir pela noite dentro e os resultados finais só devem ser conhecidos no sábado.

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Michelle O'Neill, líder do Sinn Féin na Irlanda do Norte, e candidata a primeira-ministra CLODAGH KILCOYNE/Reuters

O Sinn Féin conquistou o voto popular entre as primeiras escolhas dos eleitores na votação de quinta-feira na Irlanda do Norte e deve ser o partido mais representado na Assembleia do território, pela primeira vez em mais de 100 anos.

A contagem dos votos vai prosseguir até ao final do dia, nesta sexta-feira, mas os resultados finais devem ser conhecidos no sábado. Com 31 dos 90 lugares do parlamento de Stormont já atribuídos, o antigo braço político do Exército Republicano Irlandês já elegeu 16 deputados.

A confirmar-se a vitória, o partido nacionalista de esquerda – que defende a reunificação política com a República da Irlanda –, conquista o direito a nomear o primeiro-ministro no governo de partilha de poder com os unionistas, consagrado no Acordo de Sexta-Feira Santa (1998), que pôs fim a 30 anos de guerra civil entre católicos e protestantes.

O sistema de voto único transferível que vigora na Irlanda do Norte pode, no entanto, trazer algumas variações à composição final do parlamento.

Segundo este sistema, os eleitores ordenam os candidatos dos vários de partidos de acordo com as suas preferências no boletim de voto. Se o seu candidato preferencial não atingir a percentagem mínima de eleição, previamente estabelecida, o voto passa para a opção seguinte.

Por outro lado, se determinado candidato já tiver ultrapassado essa marca, todos os votos nesse candidato que forem contabilizados a partir do objectivo mínimo serão transferidos para o candidato seguinte. E assim sucessivamente.

Segundo a BBC, o Sinn Féin obteve 250.388 votos enquanto primeira escolha, ao passo que os conservadores do Partido Unionista Democrático (DUP) – que venceram todas as eleições para a Assembleia desde 2003 – se ficaram pelos 184.002 votos.

O Partido da Aliança, de centro, não-alinhado com nenhuma das “comunidades” rivais da Irlanda do Norte, conseguiu 116.681 entre as primeiras escolhas.

As sondagens dos últimos dias davam a vitória ao Sinn Féin, mas a imprensa britânica e norte-irlandesa via muito pouco provável um cenário em que o DUP aceite fazer parte de um governo liderado pelos nacionalistas.

Se os partidos unionistas e nacionalistas mais votados não nomearem um primeiro-ministro ou um vice-primeiro-ministro, dependendo se foram o primeiro ou o segundo partido mais votado das respectivas “comunidades”, o governo da Irlanda do Norte entra em gestão durante pelo menos seis meses.

Apesar de o Sinn Féin ter focado a sua campanha em redor de temas como a habitação, o custo de vida ou a saúde, e não ter dado tanto ênfase ao objectivo da reunificação da ilha, o DUP defende que é necessário resolver, primeiro, a questão do protocolo irlandês, o documento anexo ao acordo do “Brexit” que criou um sistema regulatório aplicável à entrada de produtos na Irlanda do Norte vindos de Inglaterra, País de Gales e Escócia.

O DUP diz que o protocolo põe em causa a integridade territorial do Reino Unido – ao permitir a existência de dois regimes aduaneiros – e exige ao Governo de Boris Johnson que rasgue o tratado ou que negoceie uma alternativa com a União Europeia.

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