Líder do Partido Trabalhista britânico vai ser investigado por “potenciais violações” das regras da covid-19

Polícia de Durham diz que recebeu “novas informações relevantes” sobre a participação de Keir Starmer num jantar com outros membros do staff trabalhista, em Abril do ano passado, durante uma campanha eleitoral.

Foto
Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista SCOTT HEPPELL/Reuters

A polícia da cidade inglesa de Durham anunciou esta sexta-feira a abertura de uma investigação a Keir Starmer e a outros membros do Partido Trabalhista por “potenciais violações das regras da covid-19” num jantar realizado durante a campanha para a eleição antecipada de Hartlepool, em Abril do ano passado.

O anúncio surge no dia em que estão a ser apurados os resultados das eleições locais em Inglaterra, no País de Gales e na Escócia, e em pleno Partygate, o escândalo de festas e convívios ocorridos em Downing Street durante a pandemia, cuja investigação criminal, ainda em curso, já resultou em multas aplicadas ao primeiro-ministro, Boris Johnson, ao ministro das Finanças, Rishi Sunak, e a outros membros do Governo e funcionários do Partido Conservador.

Depois de ter insistido, há cerca de um mês, que não havia motivos para investigar o líder da oposição e o staff trabalhista, a polícia de Durham diz agora que recebeu “novas informações relevantes”.

“No início deste ano, a força policial de Durham levou a cabo uma avaliação sobre se teriam sido violadas regras da covid-19 num ajuntamento em Durham City, no dia 30 de Abril de 2021. Na altura, concluiu-se que não tinha sido cometido qualquer delito e, por isso, não foram tomadas medidas”, começa por explicar a polícia, num comunicado.

“Depois de ter recebido novas informações relevantes nos últimos dias, a polícia de Durham reavaliou a sua posição e, depois da conclusão do período pré-eleitoral, pode agora confirmar que está a ser realizada uma investigação a potenciais violações de regras de covid-19 relacionadas com este evento”, informa.

A polícia de Durham esclarece, no entanto, que não é costume emitir multas retroactivamente.

Para o evento em causa – que a imprensa conservadora chama Beergate –, ocorrido na sede da campanha trabalhista em Durham, foi encomendada comida e cerveja. Starmer foi inclusivamente fotografado, junto à janela, com uma cerveja na mão.

Na altura estavam em vigor várias regras de distanciamento social, que incluíam a proibição de ajuntamentos entre pessoas de diferentes agregados em espaços fechados. Os bares, pubs e restaurantes só podiam servir grupos de seis pessoas e em espaços ao ar livre.

O Partido Trabalhista esclarece que se tratou de um evento partidário online, garante que “não foram quebradas regras” e lembra que, àquela hora, não havia restaurantes abertos.

“Todos os restaurantes e pubs de Durham estavam fechados, por isso o take-away era a mesmo a única forma de conseguirmos comer. [A comida] foi encomendada e, em momentos diferentes, as pessoas entraram na cozinha, comeram qualquer coisa e depois voltaram ao seu trabalho”, já tinha explicado o próprio Starmer, à rádio LBC.

“Fomos muito cautelosos em cumprir as regras”, assegurou o líder do Labour, recusando comparar o caso com os 15 convívios que tiveram lugar na residência oficial do primeiro-ministro e noutros edifícios governamentais, em 2020 e 2021, e dos quais já resultaram pelo menos 50 multas.

Esta sexta-feira voltou a garantir que não houve qualquer “festa” e que os militantes trabalhistas “apenas pararam para comer qualquer coisa”. “Mas a polícia tem, obviamente, de fazer o seu trabalho”, acrescentou.

Boris Johnson foi multado por ter participado num convívio de comemoração do seu aniversário, em Downing Street, com cerca de 30 pessoas, em Junho de 2020, quando estavam proibidos ajuntamentos em Inglaterra.

O líder tory assumiu ainda ter estado presente numa outra festa, em Maio desse ano – quando o país estava em confinamento –, também com cerca de 30 pessoas, nos jardins da sua residência oficial.

Em ambos os casos, Johnson pediu desculpa, mas explicou que não se tinha apercebido que estava a quebrar as regras.

Keir Starmer tem sido, no entanto, um dos políticos da oposição que mais tem insistido que o primeiro-ministro se deve demitir, por ter “mentido” ao Parlamento e por ser o chefe de Governo do Reino Unido a cometer um crime em funções.

Sugerir correcção
Comentar