Estar no Brasil a comemorar Saramago e a língua portuguesa é “um acto de amor”

Uma exposição, em sete estações de metro em Brasília, intitulada A Bagagem do Viajante, sobre encontros de José Saramago com autores e artistas brasileiros, foi inaugurada com a presença de Pilar del Río.

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O centenário de nascimento de José Saramago está a ser comemorado durante este ano em vários países evr Enric Vives-Rubio

A presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, disse à Lusa que estar no Brasil a celebrar os 100 anos do nascimento de José Saramago no dia das celebrações do Dia Mundial da Língua Portuguesa “é um acto de amor”.

“É um acto de amor estar aqui no Brasil, Saramago vinha sempre que podia ao Brasil”, contou à Lusa à margem de um debate no auditório Camões da Embaixada de Portugal em Brasília entre Pilar Del Río, viúva do escritor e presidente da Fundação José Saramago, e Carlos Reis sobre o legado de Saramago.

“Penso que é um abraço entre duas pátrias, a pátria portuguesa e a pátria brasileira, que têm o mesmo idioma”, considerou, afirmando que existem “muitas formas de falar português e nenhuma tem uma primazia sobre outra”.

“Saramago dizia: eu quero ler Machado de Assis, ou Jorge Amado, tal como eles escreveram, com a sua sonoridade e com a sua musicalidade”, explicou.

“Há um português mas muitas formas de falar”, questionada sobre os recentes relatos de xenofobia denunciados por brasileiros que residem em Portugal. Quem pensa o contrário, disse, “usa o dogma para ir contra outras comunidades, tem um problema e devia corrigi-lo, talvez devia ir ao psiquiatra”.

“Os idiomas pertencem às sociedades e cada um se expressa da sua maneira e ninguém é dono de um idioma”, concluiu.

Na quinta-feira de manhã Pilar del Río marcou presença na inauguração de uma exposição, em sete estações de metro da capital brasileira, intitulada A Bagagem do Viajante, sobre encontros de José Saramago com autores e artistas brasileiros como Jorge Amado, seu amigo pessoal, Oscar Niemeyer, arquitecto que projectou Brasília, e o músico Chico Buarque, entre outros.

A selecção e apresentação dos textos é da responsabilidade do comissário-geral para as comemorações do centenário do nascimento de José Saramago, Carlos Reis, e as ilustrações da autoria de Pedro Amaral, Nathalie Afonso, Carlos Farinha e Mathieu Sodore.

Entre esta sexta-feira e sábado haverá ainda espaço para mais uma exposição de Saramago em São Paulo e para a inauguração de uma cátedra com o seu nome na cidade de Curitiba, estado do Paraná.

Quanto à exposição nas estações de metro em Brasília, os trabalhos originais estarão patentes na Galeria Camões da Embaixada de Portugal no Brasil até 31 de Julho.

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