Casal russo que recebia refugiados ucranianos em Setúbal candidatou-se ao SEF e ao notariado

Igor e Iulia concorreram a um lugar no SEF e no cartório notarial, mas acabaram por chumbar nos exames.

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Igor Khashin e Youlia Khashina candidataram-se ao SEF e aos registo de notariado antes de serem acusados de terem ligações do Kremlin Duarte Drago

Igor Kashin e Iulia Kashina, o casal russo que fazia parte da equipa municipal responsável por acolher refugiados ucranianos em Setúbal concorreu a um lugar no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), mas não conseguiu, avança a TSF. A tentativa aconteceu antes de o serviço ter suspendido quaisquer colaborações com pessoas ligadas à Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo).

Em 2020, tentaram ser colaboradores no cartório notarial, mas acabaram por chumbar no exame que lhes permitia o acesso, uma vez que não reuniam “os conhecimentos necessários”, explicou, o bastonário da Ordem dos Notários, Jorge Silva, em declarações à TSF.

Ainda assim, esclarece o bastonário, tanto um como outro podem vir a entrar para um cartório notarial ou qualquer outro serviço cujas funções incluam acessos a bases de dados pessoais. Se existirem indícios que tal pode acontecer, cabe ao Governo alertar as entidades competentes responsáveis pela garantia de protecção dos cidadãos e acesso às informações pessoais, esclarece Jorge Silva.

Tanto Igor como Iulia são suspeitos de terem ligações ao Kremlin, que a Câmara de Setúbal diz desconhecer. Igor foi destacado pelo município de Setúbal para receber os deslocados da Ucrânia. Para além de antigo dirigente da Edinstvo, foi presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos. Iulia, por outro lado, é a actual presidente da associação e exerce funções na autarquia setubalense desde Dezembro de 2021.

A alegada ligação entre o casal e o Presidente russo, Vladimir Putin, está a ser investigada na sequência das acusações feitas pela Associação dos Ucranianos em Portugal por terem, alegadamente, fotocopiado documentos de identificação dos refugiados na Linha de Apoio aos Refugiados da Câmara Municipal de Setúbal, conforme noticiou o PÚBLICO. As perguntas colocadas pelo casal durante a recepção também causaram estranheza nos ucranianos.

Na quarta-feira, o presidente da Câmara de Setúbal, André Valente Martins (CDU), recusou-se a prestar mais esclarecimentos públicos sobre o caso enquanto decorrem os inquéritos da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) e do Ministério da Coesão Territorial “A partir deste momento entendemos que não devemos voltar a comentar publicamente este assunto”, afirmou.

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