Antigo Presidente da Guiné-Conacri vai ser julgado por homicídio e violência contra civis

Pelo menos três dezenas de civis terão morrido às mãos das forças policiais no último ano de mandato de Alpha Condé, destituído em 2021 por um golpe militar.

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Alpha Condé foi o primeiro Presidente democraticamente eleito na Guiné-Conacri Benoit Tessier

A procuradoria-geral do Tribunal de Recurso da Guiné-Conacri anunciou a abertura de um processo judicial contra o antigo Presidente do país, Alpha Condé. A acusação estende-se a 26 ex-funcionários do Governo por uso excessivo da força, repressão, raptos, violações e ataques contra civis, durante o mandato de Condé. No último ano, pelo menos três dezenas de civis terão morrido às mãos das forças policiais.

Como avançaram os sites de notícias guineenses Guineenews e Guinee Matin, entre os acusados estão um antigo presidente do Tribunal Constitucional e um antigo primeiro-ministro.

Aos 84 anos, Alpha Condé terá de apresentar-se em tribunal e responder às denúncias de crimes cometidos com o seu conhecimento em mais de uma década no poder. Um golpe militar depôs o antigo Presidente em 2021, depois de as tensões e o descontentamento com o seu regime escalarem quando quis convocar um referendo para se perpetuar no poder.

O primeiro Presidente democraticamente eleito no país ordenou a revisão da constituição para lhe mudar as regras e conseguir um terceiro mandato — mais cinco anos como chefe de Estado. Dezenas de milhares protestaram nas ruas, e o Governo respondeu com violenta repressão. Agora, foi a Frente Nacional de Defesa da Constituição a ter a palavra final e apresentar queixa em Abril.

Só no mês passado é que o Comité Nacional para a Reconciliação e Desenvolvimento, criado após o golpe de Estado para governar o país com o coronel Mamady Doumbouya na liderança, anunciou a libertação de Condé, preso desde 5 de Setembro.

Em novo comunicado, no último domingo, o comité militar propôs a transição para um Governo Civil, anúncio imediatamente rejeitado pela oposição, que acusa o coronel Doumbouya de ser “uma ameaça à paz e unidade nacional”. Espera-se, entretanto, a reacção dos mediadores internacionais que apelaram ao país africano, um dos mais pobres do mundo, para iniciar uma transição democrática.

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