Dave Chappelle quer ultrapassar agressão “infeliz e inquietante”

Recorde que o equipara aos Monty Python atingido na noite em que foi derrubado por um homem em palco.

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Dave Chappelle GAELEN MORSE/Reuters

O comediante norte-americano Dave Chappelle quer o impossível: que o ataque de que foi alvo em palco na noite de terça-feira não ofusque o seu espectáculo e o recorde que atingia nessa data e que o equipara aos Monty Python. Num primeiro comunicado oficial desde a agressão, que não o deixou ferido e levou à detenção do homem que o placou no palco da sala Hollywood Bowl, em Los Angeles, classifica o “incidente” como “infeliz e inquietante”.

“As actuações de Chappelle no Hollywood Bowl foram épicas e bateram recordes e ele recusa-se a permitir que o incidente da noite passada [hora de Los Angeles] ofusque a magia deste momento histórico”, fez saber a sua representante, Carla Sims, num comunicado distribuído à imprensa. “Dave Chappelle celebrou quatro noites de comédia e música, fazendo vendas recorde para um comediante” naquela sala, diz a mesma nota, e o número de datas “empata Chappelle com os Monty Python no maior número de espectáculos como cabeça de cartaz de qualquer comediante” no recinto.

É isso que as relações públicas do humorista querem destacar no rescaldo do ataque que deitou Chappelle ao chão quando um homem saído das primeiras filas do público, segundo o relato à CNN de um espectador que estava perto do atacante, “trepou para o palco” e agrediu o actor e humorista perto do final do espectáculo. O caso domina as atenções e a actualidade. Com comediantes como Jon Stewart, Leslie Jones ou Michelle Wolf presentes, a assistir ao espectáculo depois de eles próprios terem actuado nas noites de Chappelle do festival Netflix is a Joke.

O evento, de 11 dias, envolveu comediantes de renome que estão associados à plataforma de streaming cuja marca de espectáculos de stand-up é uma das suas principais apostas e ofertas. Na quarta e última noite, madrugada de terça-feira para quarta-feira na hora portuguesa, Isaiah Lee, de 23 anos, saltou da assistência e deitou Chappelle ao chão, confirmou a polícia de Los Angeles, que deteve o homem, que sofreu ferimentos no momento da detenção.

“Chappelle continuou com o espectáculo”, reitera agora a sua representante na mesma nota. Descreve o que jornalistas e membros do público presentes na sala já tinham partilhado nas últimas horas: que o actor “Jamie Foxx e [o comediante] Chris Rock ajudaram a acalmar a multidão com humor antes de Chappelle apresentar os últimos convidados musicais da noite”, yasiin bey e Talib Kweli — Black Star. Chappelle, uma lenda da comédia cuja imagem recente está marcada pelo seu espéctaculo Netflix The Closer que lhe mereceu críticas e o rótulo de transfóbico, disse enquanto se recompunha: “Era um homem trans”. Rock brincou: “Aquele era o Will Smith?’”.

A Netflix, promotora do espectáculo, disse num comunicado breve que se preocupa “profundamente” com a “segurança dos criadores” de conteúdos e defende “o direito de os comediantes stand-up actuarem em palco sem temer violência”. O festival reúne 130 comediantes em 25 salas de espectáculo e conta com nomes tão conhecidos quanto Seth Rogen, Chelsea Handler, Aziz Ansari ou Conan O’Brien. Decorre até ao fim de semana e contará ainda com presenças de Tina Fey e Amy Poehler, Jonathan Van Ness, Kevin Hart, John Mulaney, Phil Wang ou Ben Schwartz.

É esse o tema que agora reemerge com este incidente violento, perpetrado por um homem cujas motivações são ainda desconhecidas e que empunhava uma arma falsa mas que incluía uma lâmina real. O caso está a ser associado à agressão de Will Smith a Chris Rock no palco dos Óscares e renova os temores de que estes incidentes dêem um mau exemplo a outros potenciais agressores.

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