Ondas de calor no Sul da Ásia elevam temperatura do solo a 62°C

Satélites europeus registam subida brutal dos termómetros na Índia e no Paquistão, com máximas no dia 1 de Maio de 47,1° graus Celsius e 49,5° graus Celsius, respectivamente

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Satélites Sentinel-3 registaram temperatura da superfície terrestre no Sul da Ásia no dia 1 de Maio

Uma imagem da missão Copernicus Sentinel-3 representa, em diferentes cores, o desespero das populações no Sul da Ásia. No dia 1 de Maio, quando foi registada, a temperatura da superfície terrestre (LST) na área atingiu picos de 62 graus Celsius. Vale lembrar que o calor do chão que pisamos não é a mesma coisa que a da atmosfera: no mesmo dia, a temperatura do ar atingiu valores máximos de 49,5°C em Nawabshah, Paquistão, e 47,1°C em Bikaner, Índia. A missão europeia Copernicus Sentinel-3 é composta por dois satélites gémeos (Sentinel-3A e Sentinel-3B), ambos equipados com instrumentos cujo principal objectivo é fornecer a temperatura da superfície do mar e da terra.

A região, uma das mais densamente povoadas do planeta, está a sofrer com uma forte onda de calores há vários dias consecutivos. Este evento climático extremo está a favorecer a deflagração de incêndios e a provocar picos no consumo de electricidade (e consequentes quebras de tensão e racionamentos), alterações nos calendários escolares e interrupções na actividade industrial. Os riscos para a saúde humana levaram hospitais e reservar alas para casos de insolação ou doenças associadas ao calor. “Estamos a viver num inferno”, desabafou ao Guardian um habitante de Turbat, no Paquistão, onde o débil fornecimento de energia eléctrica não permite manter ventiladores e sistemas de ar condicionado em funcionamento.

A Índia enfrenta a pior falha de electricidade em seis décadas. Cortes de energia com duração superior a oito horas foram impostos em estados como Jharkhand, Haryana, Bihar, Punjab e Maharashtra, uma vez que o fornecimento doméstico de carvão caiu para níveis críticos e, como consequência, o preço do produto importado disparou. Sem a principal fonte para a produção de electricidade para uma população de 1,4 mil milhões de pessoas, as autoridades desdobram-se para encontrar soluções. Os caminhos-de-ferro indianos, por exemplo, cancelaram mais de 600 viagens de comboios de passageiros e encomendas para dar prioridade ao carvão.

A onda de calor já teve um impacto terrível no cultivo de frutas, legumes e cereais. Na Índia, as colheitas de trigo apresentaram uma quebra de até 50% em algumas das áreas mais assoladas pelas temperaturas extremas, refere o Guardian, agravando os receios de uma situação de insegurança alimentar global. Isto porque, com a invasão da Ucrânia pela Rússia - dois grandes produtores de cereais e, por isso, considerados “o silo do mundo” -, o preço e a disponibilidade destes alimentos ficaram afectados.

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