O centro só se aguenta com vários centros

Quando o centro passa a ser representado por uma só força política, o pólo alternativo transfere-se automaticamente para fora do campo da moderação.

Emmanuel Macron venceu as presidenciais francesas de 2022 exactamente como venceu as de 2017, não se desviando um milímetro dos seus valores e prioridades, na segunda volta, para conquistar eleitores que antes haviam votado em Marine Le Pen ou em Jean-Luc Mélenchon. Fez bem. Seria uma fraude antidemocrática colar-se ao programa identitário da primeira ou ao programa económico do segundo. Ambos estão nos antípodas do que Macron defende. Até digo mais: num tempo em que tantos políticos estão em posição fetal, aterrorizados pela desconfiança de que o povo se entregará ao primeiro caudilho ruidoso que cruzar a esquina, é revigorante assistir a um tipo que não se embaraça a usar a chave das liberdades democráticas para desmontar a demagogia populista dos adversários. E, como se viu no debate com Le Pen, com linguagem corporal a condizer.

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