Reino Unido vai enviar oito mil soldados para a Europa continental: “Um dos maiores destacamentos desde a Guerra Fria”

Governo britânico anuncia três meses de exercícios militares conjuntos com as forças da NATO, de vários países europeus e dos EUA, desde o Báltico até aos Balcãs. “A segurança da Europa nunca foi tão importante”, diz ministro da Defesa.

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Soldados do Exército britânico (na imagem envolvidos na retirada de cidadãos britânicos do Afeganistão) vão realizar exercícios na Europa continental até Junho Reuters/Ben Shread/RAF/UK Ministry of Defense

O Ministério da Defesa do Reino Unido anunciou esta sexta-feira “um dos maiores destacamentos” de tropas para a Europa continental “desde a Guerra Fria”. Oito mil soldados britânicos e dezenas de veículos militares vão estar envolvidos, nos próximos três meses, em exercícios conjuntos com as forças da NATO, dos Estados Unidos e de vários Estados europeus, na Macedónia do Norte, na Polónia, na Estónia e na Finlândia.

“A segurança da Europa nunca foi tão importante”, justificou Ben Wallace, ministro da Defesa no Governo de Boris Johnson, num comunicado partilhado pelo seu ministério (MoD).

“Nestes exercícios, as nossas tropas vão juntar forças com os aliados e com os parceiros da NATO e do Força Expedicionária Conjunta, numa demonstração de solidariedade e de força, num dos maiores destacamentos conjuntos desde a Guerra Fria”, informou.

“Operando por toda a Europa, o Exército britânico vai estar ao lado dos seus parceiros, combinando as suas capacidades e valores partilhados, promovendo paz e segurança”, acrescentou o ministro.

Segundo o MoD, os exercícios militares, que terão lugar entre Abril e Junho deste ano, vão envolver manobras com soldados de norte-americanos, finlandeses, letões, estónios, franceses, dinamarqueses, polacos, italianos e albaneses, entre outros.

Serão ainda destacados para o terreno 72 tanques Challenger 2, 12 unidades de artilharia autopropulsionada AS90 e 120 veículos blindados de combate Warrior, para além de equipamento de “guerra electrónica”, drones, entre outros activos militares.

Uma das manobras mais importantes de uma mega-operação que o MoD diz que vai “demonstrar a modernização do Exército” britânico e a sua transformação numa “força letal, ágil e global”, terá lugar na Finlândia, com o objectivo de “melhorar a capacidade das tropas britânicas e finlandesas de trabalharem em conjunto” para “dissuadirem a agressão russa na Escandinávia e nos Estados bálticos”.

“O Reino Unido tem uma contribuição significativa para a defesa da Europa e para a dissuasão da agressão russa. Esta série de exercícios do Exército britânico é fundamental para ambos”, considera o tenente-general Ralph Wooddisse, comandante das Forças Armadas do Reino Unido.

“Continuamos a destacar [soldados e armamento] por toda a Europa, desde o Báltico até ao [mar] Egeu, para treinarmos e combatermos ao lado dos nossos aliados e parceiros, fornecendo forças poderosas, capacitadas e preparadas para ajudar a NATO e para demonstrar o compromisso do Reino Unido com a paz e com a segurança”, explicou o dirigente militar.

“A escala do destacamento, aliada ao profissionalismo, à formação e à agilidade do Exército britânico, vai travar a agressão a uma escala nunca vista na Europa neste século”, afiançou Wooddisse.

Para Joe Pike, jornalista e analista da Sky News, mais do que a demonstração de “solidariedade e de força”, referida por Wallace, este anúncio e os exercícios previstos para os próximos meses são um aviso directo para “dissuadir Vladimir Putin de entrar num novo conflito” que vá para além das fronteiras da Ucrânia.

Pike destaca ainda os antecedentes desta operação, nomeadamente as promessas recentes vindas do outro lado do oceano Atlântico.

“Isto surge depois de Joe Biden ter pedido ao Congresso 33 mil milhões de dólares [cerca de 31 mil milhões de euros] em ajuda militar, económica e humanitária para a Ucrânia”, lembra o jornalista. “Numa altura em que o conflito entra no seu terceiro mês, as potências ocidentais estão a tentar mostrar que o seu apoio não se está a desvanecer”.

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