Pagamentos electrónicos batem recorde em 2021

Em 2021, foram movimentados mais de 560 mil milhões de euros nos sistemas de pagamentos em Portugal. Quatro em cada dez compras com cartão já foram feitas com recurso ao contactless.

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Crescimento mais expressivo das ferramentas de pagamento foi o do contactless. Miguel Manso

Ultrapassado o impacto inicial da pandemia, a actividade económica em Portugal retomou definitivamente o crescimento e, em 2021, bateram-se recordes nos sistemas de pagamentos. Tanto o número de operações como o montante transaccionado atingiram novos máximos históricos, tendo sido movimentados mais de 560 mil milhões de euros ao longo de 2021, ano em que quase metade das compras com cartão já foi feita com recurso à tecnologia contactless.

Os dados foram divulgados esta sexta-feira pelo Banco de Portugal (BdP), no Relatório dos Sistemas de Pagamentos relativo a 2021, um ano que o regulador diz ter sido de recuperação. “Apesar de vivido integralmente num contexto de pandemia, o ano de 2021 foi marcado pela retoma da actividade económica. Em 2021, foi retomada a tendência de crescimento dos sistemas de pagamentos em Portugal, apenas interrompida em 2020”, refere o relatório.

Ao todo, detalha o BdP, foram realizadas 3,1 mil milhões de operações através do Sistema de Compensação Interbancária (SICOI), o sistema de pagamentos de retalho gerido pelo BdP, num valor total de 563,9 mil milhões de euros. O número de operações realizadas aumentou, assim, mais de 12% em relação a 2020, registando-se ainda uma subida de 7,8% face a 2019, antes da chegada da pandemia.

Os cartões de pagamento responderam por 86,5% do número de pagamentos electrónicos realizados no SICOI, num total de perto de 2,7 mil milhões de operações, o que se traduz numa média de 7,3 milhões de pagamentos por dia.

Isto, num ano em que existiam em Portugal 432,4 mil terminais de pagamento automático, número que corresponde a um crescimento de 9,4% face a 2020. Em sentido contrário, o encerramento de agências levado a cabo por vários bancos resultou numa diminuição do número de caixas automáticas. Assim, no ano passado, existiam 13,7 mil caixas automáticas em Portugal, menos 4% do que em 2020 e o equivalente a uma média de 1,3 caixas por cada mil habitantes.

No período em análise, o crescimento mais expressivo das ferramentas de pagamento foi o do contactless. Ao todo, esta tecnologia foi utilizada em 561,9 milhões de operações ao longo do ano passado, num total de 13,2 mil milhões de euros, números que correspondem a aumentos de 102% e 130,9%, respectivamente. Feitas as contas, as operações com recurso à tecnologia contactless já respondem por 44% do número total de operações realizadas com cartão e por 30% do montante pago com cartão.

Também no que diz respeito ao comércio online há uma evolução significativa. Em 2021, as compras online cresceram 47,1% em número e 51,8% em valor, representando cerca de 14% tanto do número de operações como do montante das compras efectuadas com cartões emitidos em Portugal.

Baixo nível de fraudes

Pela primeira vez desde que publica o Relatório dos Sistemas de Pagamentos, o BdP incluiu um capítulo dedicada às fraudes cometidas neste sector. Esta, conclui o regulador, é uma prática residual no sistema português, mas, ainda assim, Portugal apresenta um número de fraudes nas operações com cartões ligeiramente acima da média europeia.

“No primeiro semestre de 2021, a utilização dos diferentes instrumentos de pagamento electrónicos em Portugal manteve-se com níveis de fraude muito reduzidos”, começa por indicar o relatório sobre este assunto.

De acordo com o BdP, as operações com cartões foram aquelas que apresentaram taxas de fraude mais altas, de 0,03% em quantidade e em valor, com um valor médio por fraude de 54 euros. É o mesmo que dizer que três em cada 10 mil operações realizadas com cartão de pagamento foram alvo de fraude.

Neste tipo de fraude são consideradas as práticas em que o criminoso obtém as credenciais de segurança do utilizador, através de “engenharia social” (por exemplo, através de phishing), e consegue, assim, roubar a vítima.

Nas transferências a crédito, o valor médio por transacção fraudulenta é de 2647 euros, um montante que fica até acima do valor médio movimentado em cada transferência (de 1637 euros). Contudo, só três em cada um milhão de transferências foram fraudulentas.

Já no débito directo, o valor médio da fraude foi de 1511 euros (o que também fica muito acima do valor médio deste tipo de operação, que foi de 150 euros). Este foi, ainda assim, o instrumento com menor expressividade de fraude (0,0002% do total de operações).

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