Com o PS promessa feita é compromisso adiado

Será desta, senhor primeiro-ministro? Será agora que vamos finalmente avançar com a construção do novo Hospital Central do Algarve?

Poderíamos recuar a 2008, quando José Sócrates foi a Faro colocar a primeira pedra para dar início à construção do Hospital Central do Algarve, capaz de responder às necessidades da população, não só a residente como de todos os que nos procuram, sobretudo no verão. Mas vou convidar o leitor a viajar apenas até 2015, ano em que António Costa assume, pela primeira vez, os destinos do executivo. Como é hábito, em plena campanha, lá foi toda a máquina socialista visitar o distrito de Faro, trazendo na bagagem um rol de medidas prioritárias para a região, desde a mobilidade à economia, sem nunca esquecer a saúde.

Dizia António Costa que o novo hospital era fundamental para a região e faria parte das linhas de ação do Governo. Bom, do seu primeiro Governo não fez, ficou esquecido e foi atirado para um futuro que todos aguardaram, mas que, diga-se, nunca chegou.

Em 2019, no caminho para novas eleições legislativas, lá surge no calendário uma nova visita a Faro com novas promessas. Este, sim, era o momento de avançar com a tal obra de 2015 e o novo Hospital Central do Algarve volta aos títulos dos jornais. Na verdade, não se pode dizer que sejam novas promessas, mas as mesmas de sempre. O mesmo título, as mesmas frases, mas com datas diferentes na esperança de conseguir enganar aqueles a quem a memória tende a falhar.

Com nova vitória socialista, nasceu, para os algarvios, alguma esperança através da nomeação de Jamila Madeira para o cargo de secretária de Estado Adjunta e da Saúde. Havia, finalmente, ao mais alto nível, quem tivesse uma palavra a dizer sobre o estado da saúde na região. Mas passou 2019 e 2020, a então secretária de Estado Adjunta é afastada do executivo e a obra, antes de extrema importância, continua numa qualquer gaveta, no Ministério da Saúde, em Lisboa. Sete anos de Governo socialista, apoiado por uma “geringonça” coxa, e a saúde foi tema que não se ouviu associado ao Algarve.

E aqui estamos nós, em 2022, novamente a exigir o mesmo. Aqui estamos nós, novamente, a falar da tal obra prioritária, mas que sete anos depois continua a merecer nada mais nada menos que uma simples referência no programa do Governo que foi aprovado no início deste mês de abril. E a importância que António Costa lhe dá é tanta, ou tão pouca, que a construção do Hospital Central do Algarve surge associada a outras cinco unidades que, diga-se, também já foram prometidas vezes sem conta por este Governo.

Será desta, senhor primeiro-ministro? Será agora que vamos finalmente avançar com a construção do novo Hospital Central do Algarve? Senhor primeiro-ministro, bem sabemos que tem sido apanágio deste Governo o adiar sucessivo de promessas. Poderá até pensar que muitos se esquecerão dessas promessas, mas aqui estamos nós, agora, uma vez mais, para exigir aquilo que prometeu.

O Algarve não pode continuar refém de um hospital cujas infraestruturas estão muito aquém das reais necessidades da região. Precisamos com urgência de uma nova estrutura dotada dos meios técnicos, tecnológicos e humanos para que ninguém tenha de viajar até Lisboa para receber tratamentos médicos. Urge travar o avanço das listas de espera que, em algumas especialidades, já chegam quase aos dois anos para uma simples consulta. Não vamos esperar pelo momento em que as vacas voem para ver o tão afamado Hospital Central nascer em Faro, porque, senhor primeiro-ministro, não se antevê que essa realidade venha a acontecer tão cedo.

Chamaremos as vezes que forem necessárias o primeiro-ministro ao Parlamento. Ouviremos as vezes que forem necessárias a ministra da Saúde. Seremos interventivos. Seremos ativos porque basta de promessas por cumprir.

O Algarve precisa de mais. O Algarve quer mais. O Algarve merece mais. E, nesta legislatura, aqui estarei, em nome dos algarvios, com uma voz ativa para trazer o Governo à realidade quando o discurso caminhar para a propaganda. Aqui estarei para garantir que, no que toca ao Hospital Central do Algarve, palavra dada seja, efetivamente, palavra honrada, porque, até agora, “honrada” e “adiada” têm sido, para o Partido Socialista, uma e a mesma palavra.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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